A morte dos meus ídolos repercute em mim menos com saudades e mais com o egoísmo ingênuo dos que ainda vão continuar desfrutando de suas obras, de suas emoções gravadas em vinil, pelicula ou em papel.
Assim, choro em silêncio a morte de Mercedes Sosa com uma (duas, três...) taças de vinho argentino e ouvindo (repetidas vezes) "Gracias a La Vida", "Drume negrita"...
Mercedes entrou minha adolescência junto com Milton Nascimento, quase ao mesmo tempo que Caetano, Gil, Bethânia e Chico..
Neto escreveu que lembrou de Lalá, eu também.Mercedes Sosa me fez lembrar nossa doce e meiga Lalá...
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ResponderExcluirEu também, Ama Paula e Neto. Eu também lembro que penso em Mercedes vem Lalá na minha cabeça. Elas se pareciam entre si e Lalá amava Mercedes. Houve uma época que Lalá tinha um poster de Merdedes Sosa num quadro da sala dela.
ResponderExcluirTentei postar aqui agora há pouca fotos das duas lado a lado, mas estou com dificuldades técnicas, mais que emocionais.
Um beijo para vc e para o Neto, Mercedes e Lalá.
(com as correações para texto excluído acima)
Oi André, tudo bem? Li o seu post e fui para o blog do crítico de cinema Luiz Carlos Merten que acompanho diariamente e eis a pérola que ele escreveu sobre Mercedes:
ResponderExcluirUm abraço
Hilton
"...Morreu Mercedes Soza e eu não posso deixar de postar alguma coisa sobre La Negra. Acho até que postei alguma coisa no fim de semana passado. Havia visto o documentário sobre o rock brasileiro na mostra Música, da Première Brasil, e me dei conta de como aquele universo roqueiro era estranho para mim. No fim dos anos 60 e início dos 70, sempre que podia eu estava na estrada, viajando pela América Latina. Minha ex, Doris Bittencourt, e eu percorremos quase toda Argentina, Chile, Peru e Bolívia. Beatles e Rolling Stones eram referências geracionais, mas eu confesso que me ligava muito mais na canção de protesto ou de raiz de Mercedes Soza, Victor Jara, Atahualpa Yupanqui, Quilapayun etc. Amava Violeta Parra sobre todas as coisas, mas a gravação definitiva de 'Gracias a la Vida', para mim, não é a de Elis Regina nem a de Mercedes Soza, e sim a de Isabel Parra, que só de pensar me arripia. Mas eu amava Mercedes, sim, a quem vi algumas vezes, no auge, em Buenos Aires, cantando em teatro, sob a ditadura, e no Brasil, também sob a ditadura, no Beira-Rio. Aconteceu uma coisa louca comigo, no show do Beira-Rio. Estava na pista, as pessoas se levantavam na minha frente e eu subi na cadeira para poder ver La Negra. O cara atrás de mim me puxou, tentando me derrubar, para que eu sentasse, eu o mandei àquele lugar e terminamos brigando a socos... Eu! Doris entrou na parada, coisa mais doida. Adorava ver Mercedes cantar 'Duerme Negrito' e 'Alfonsina y el Mar', que também integra um disco, 'Mujeres Argentinas', de Amelita Baltar. Procurem na internet. Essa canção é de uma beleza... Há um momento de 'O Tempo e o Vento', a obra-prima de Erico Verissimo, em que Vasco, vindo da Guerra Civil Espanhola, descreve para Floriano, o narrador, e para Tio Bicho o impacto que teve sobre ele a presença da Passionária, que viu discursar para multidões republicanas. O relato é tão apaixonado que o cético Tio Bicho termina comentando para Floriano que o comunista, que odiava a Igreja, teve ali sua visão mística e Nossa Senhora se consubstanciou na Passionária. Eu contando isso não sou nada, mas o Erico! É maravilhoso. Sabem por que lembro isso? Porque Mercedes Soza foi a Passionária da música latina e do sonho da América Nuestra, por volta de 1970. Auto-ironizando, poderia dizer que tive, ao vê-la, a mesma emoção de Vasco. Mercedes Soza era a minha Nossa Senhora musical, e não apenas minha. Aquelas multidões fervorosas em Buenos Aires, em Porto... A construção da minha latinidade passa, necessariamente, por ela. Foi uma grande artista e, não por acaso, artistas viscerais, como Elis e Milton Nascimento se ligaram em Mercedes, que carregava, na alma e na voz, a dor dos nativos de Latino América, que padeceram séculos de escravidão e submissão colonial. Imagino que esteja sendo piegas e que muita gente até poderá me achar ridículo, mas quem viu e ouviu Mercedes Soza há 40 anos, como eu, não se esquece daquela emoção. Ela gostava de cantar envolta em mantos indígenas. Pejorativamente, diziam (os reaças?) que encarnava a geração chamada de 'conga y poncho'. Pejorativamente, não. Acho que era carinhosamente, não os reaças. Quando Mercedes soltava a voz para celebrar 'Gracias a la Vida', qué me ha dado tanto... Vai, Mercedes. Tua voz está eternizada em gravações. E, mesmo se desparecessem os vinis e CDs, eu ainda te ouviria cantar duerme duerme negrito, qué tu mama está en el campo. "
Chorei hoje ao saber na morte de Mercedes Soza. Realmente lembrei muito de nossa Lalá. E também de minha infância em Cabo Frio quando minha mãe colocava aquelas músicas tristes, mas tão lindas.
ResponderExcluirFamília boa essa minha...
Apareça, Ricardinho!!
Um beijo
Chorei hoje ao saber na morte de Mercedes Soza. Realmente lembrei muito de nossa Lalá. E também de minha infância em Cabo Frio quando minha mãe colocava aquelas músicas tristes, mas tão lindas. Saudades daquelas reuniões aqui...
ResponderExcluirFamília boa essa minha...
Apareça, Ricardinho!!
Um beijo