domingo, 27 de junho de 2010

Desabafo de Dedé Muylaert

Transcrevo abaixo texto recebido do amigo jornalista e homem de teatro, Dedé Muylaert:
Caro amigo, saudades!
Vivemos, Ricardo, tempos de enlouquecer gente sã. Os golpes pós-modernos substituem os tanques nas ruas pelo cheiro de naftalina das salas acarpetadas dos tribunais. E sempre contra a vontade do povo. Nós não merecemos isso, deixem Campos e sua gente em paz.
DESABAFO
Tudo bem que peçam, socialmente e academicamente que me contenha. Afinal, me explicam, estes são tempos de democracia, de abertura, de acomodação à espera da próxima utopia. Tempo que pedem contenção e paciência e me encaram pedindo(??) ímpeto menos agressivo. Adoce os gestos, Antonio. O tempo é de perdão!Pedem que me esqueça, que soterre no fundo dos jazigos dos olvidos eternos os subversivos de 1964 que conspiraram e urdiram o golpe, comandado por um adido norte-americano.Que eu esqueça os políticos de então (que ainda estão por aí, alguns vivos outros representados), tão cheios de extremado amor pela Constituição e pela rotatividade do poder que só falavam da guerra revolucionária e da marcha do governo para o desgoverno e o continuísmo.
Que eu sublime, sobretudo, meu asco, pelos brasileiros que pediram e obtiveram a intervenção estrangeira. Primeiro de ricos dinheiros para o suborno eleitoral e o custeio da campanha antigovernamental. Depois de homens, de armas e de gêneros para êxito da empreitada golpista.Que eu tenha engulhos , mas me cale, diante dos torturadores, os violentadores, os assassinos que dilaceraram corpos, arrobaram mulheres, empalaram homens, mataram e esconderam corpos de tantos pais (onde está o corpo de Stuart Angel?) e filhos (onde está o corpo de Rubem Paiva?) de muita gente que ainda hoje chora procurando os cadáveres para enterrar.Que eu tenha siso e mesmo pouco riso esquecendo os censores que estiveram guardando ( e ainda guardam sob o manto do Santo Ofício, - não me esqueço de Jê Vous Salve Marie , em plena , chamada, Nova república -) como cães ferozes a inteligência brasileira para que ela não gemesse nem balisse sequer de horror pelo que via, nem de solidariedade pelos que sofriam.
Esquecer eu devo, me aconselham, dos juristas pressurosos, sobretudo os velhos “liberais”, tão eloqüentes antes, na defesa das liberdades, como também os doutos acadêmicos transformados em “cavalos de umbanda”, puxa sacos ávidos por um lugar nesse negrume da ditadura, abandonando , uns e outros uma mística de legalismo em troca da liquidação das liberdades por cargos na partição do espólio dos tribunais e das universidades.
Ta bom , eu me recolho. Mas cuidado! Pois não vou me conter de enfrentar, agora, a tarefa que fracassamos ontem e que deu lugar a tudo isso que vemos hoje. Estarei á frente da organização de defesa de instituições democráticas contra novos golpistas militares e civis para que em tempo algum do futuro ninguém tenha outra vez de enfrentar e sofrer, e depois esquecer, como me impõe agora, os conspiradores, os torturadores, os entreguistas, os censores e todos os culpados e coniventes que beberam nosso sangue (literalmente de amigos meus) e que agora me pedem que os esqueça.
Eu paro e os observo com uma convicção : são todos Filhos da Puta!
Antonio José Muylaert Batista(Dedé)

5 comentários:

  1. Caro Dedé

    Eu, humildemente peço a você que, não se contenha, nem se esqueça dos anos negros da ditadura militar. Tenhas asco sim, afinal não dá para relevar certas coisas, por isso, companheiro, todo e qualquer engulho é válido assim com vômito também. Calar-se nunca, não faz o seu estilo e jamais o fará, és mais um que veio ao mundo para desafinar o coro dos contentes. Não tenhas nunca, juízo, afinal, isso, é para os conformados e tu és um eterno outsider, um anjo torto e isso vale muito mais do que imaginas. Perdão, é (peço desculpas ao Blogueiro) o caralho! Como perdoar àqueles que torturam e mataram os Stuarts Angels, os Manoéis Fiéis Filhos, os Wladmires Herzogs... Não se recolha, não se esqueça e nem abaixe as armas, no final das contas eles continuam a espreita, esperando qualquer cochilo de nossa parte. Se depender de mim, não passarão e, concordo em genêro, número e grau, são todos filhos da putas, mas, ao contrário de você, roubando as palavras do poeta, "eles são muitos, mas não podem voar".

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  2. Minha mãe não é puta!27 de junho de 2010 às 22:31

    Caro amigo, saudades!
    Vivemos, Ricardo, tempos de enlouquecer gente sã. Os golpes pós-modernos substituem os tanques nas ruas pelo cheiro de naftalina das salas acarpetadas dos tribunais. E sempre contra a vontade do povo. Nós não merecemos isso, deixem Campos e sua gente em paz.
    Provisano o resto do texto é coisa de ator, tudo isso para engrossar o coro dos que acreditam na perseguição do casal.
    Mas realmente são todos filhos da puta e caras de pau também.

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  3. Dennys A. dos Santos27 de junho de 2010 às 23:32

    A mensagem do autor pretende ser subliminar? Ao ler esse trecho "Vivemos, Ricardo, tempos de enlouquecer gente sã. Os golpes pós-modernos substituem os tanques nas ruas pelo cheiro de naftalina das salas acarpetadas dos tribunais. E sempre contra a vontade do povo. Nós não merecemos isso, deixem Campos e sua gente em paz.", vi que há aí uma defesa velada contra o julgamento dos Garotinhos. Melhor teria sido se Dedé Muylaert fizesse essa defesa abertamente, de peito aberto. É muito mais digno, uma vez que é sua opinião e como tal deve ser respeitada. Mas que o faça claramente.

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  4. Dédé, estamos com você, pois o que passamos não poderá se repetir.
    Viva a democracia, viva o direito de expressão.

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  5. Suas piscinas estão cheias de RATOS, suas IDEIAS NÃO CORRESPONDEM AOS FATOS!

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