Artigo de Alexandre Bastos publicado na Folha da Manhã de domingo (27/01/13) e aqui no Blog do Bastos:
Quem quer anular o concurso da Câmara?
Quem quer anular o concurso da Câmara?
Em política o mais importante não é o que dizem. As verdades estão escondidas entre palavras, atitudes, gestos e, principalmente, silêncios. Por isso, toda essa polêmica na Câmara de Campos, que envolve a gestão passada e a atual, vai muito além de supostos “erros grosseiros” e troca de farpas entre adversários que eram aliados e aliados que se transformaram em adversários.
Livros como “A Arte da Guerra” (Sun Tzu), “O Príncipe” (Maquiavel) e “As 48 Leis do Poder” (Robert Greene e Joost Elffers), ensinam que após vencer uma batalha é importante terminar o serviço e se certificar de que o adversário foi realmente aniquilado. O que adianta ter o apoio de 21 dos 25 vereadores e não usar essa maioria para atropelar os que, em algum momento, acharam que era possível desafiar alguém maior e mais forte.
No tabuleiro político da terra goitacá, a primeira jogada é simples. O grupo governista vai apontar falhas do ex-presidente da Câmara de Campos, Nelson Nahim (PPL), com o seguinte objetivo: anular o concurso realizado durante a gestão dele. Mas o que ganharia o grupo de Garotinho com a anulação do concurso? Para eles, seria uma forma de atingir dois alvos com apenas um disparo. Além de desgastar Nahim, a ideia é barrar a entrada do advogado José Paes Neto, que passou em primeiro lugar. Para quem não se lembra, José Paes é o autor da ação popular que barrou as terceirizações do Reda em agosto do ano passado. Na época, o governo municipal, através de nota oficial e de manifestações individuais de seus membros – inclusive de Garotinho, proferiu uma série de ataques ao advogado. Agora, alguns meses depois, é hora de mostrar quem tem o poder nas mãos.
Se em 2009, após Rosinha Garotinho (PR) assumir a Prefeitura, a meta era bombardear e investigar o governo passado, a estratégia em 2013 é semelhante. Só que dessa vez o “governo passado” é a gestão de Nelson Nahim na Câmara. Nessa hora, muitos se surpreendem e perguntam: “Mas o Garotinho vai atacar o próprio irmão?”. Porém, para quem conhece as figuras envolvidas, não há surpresa. Até porque, como diria o Nelson Rodrigues: “Muitas vezes é a falta de caráter que decide uma partida. Não se faz literatura, política e futebol com bons sentimentos”.
* Alexandre Bastos — Artigo publicado na edição de hoje (27) da Folha
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