sexta-feira, 17 de maio de 2013

AUSÊNCIAS AUMENTAM O MISTÉRIO

Do portal Terceira Via (aqui):


Data: 17/05/2013 - 18:35:02

Caso 'Meninas de Guarus' continua um mistério apesar da audiência pública

É preciso descobrir onde estão as vítimas e o inquérito policial para dar andamento no processo de investigação e punir os culpados

Ausência de autoridades e poucos esclarecimentos. Esta foi a conclusão da audiência pública do caso "As meninas de Guarus", que aconteceu na tarde desta sexta-feira (17 de maio), na Câmara Municipal de Campos.

O presidente da comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (ALERJ), deputado Marcelo Freixo, vai buscar as respostas que não foram esclarecidas na audiência.

Ele continua querendo saber como e onde estão as investigações e, principalmente, como e onde estão as vitimas da rede criminosa de pedofilia.

Segundo o delegado titular da 146ª Delegacia Legal, Augusto Guimarães, o inquérito policial foi entregue no Ministério Público em outubro de 2009 e jamais retornou à delegacia.

De acordo com o delegado, o inquérito foi iniciado quando uma adolescente de 13 anos fugiu de um cativeiro e esteve na delegacia acompanhada de representantes do Conselho Tutelar.

Em depoimento, a menina contou detalhes de como foi aliciada e como chegou ao cativeiro, onde foi viciada em drogas e era explorada sexualmente por vários homens em uma noite.

Com base no inquérito, o delegado da 146ª na época, Geraldo Rangel montou uma operação e prendeu o líder da rede, Leilson Rocha da Silva, conhecido como “Alex”. “Ao chegarmos no hotel, encontramos mulheres e adolescentes menores de idade, cada uma em um quarto, como se estivessem esperando ‘clientes’. Também no hotel, Leilson foi encontrado e preso”, disse Rangel.


No decorrer da audiência, os conselheiros tutelares que foram convidados para falar sobre o assunto não tinham conhecimento porque entraram no órgão em outra época. Freixo queria saber se as vítimas receberam proteção da justiça. Porém, os conselheiros informaram que os documentos sobre o caso das “Meninas de Guarus” foram solicitados pelo Ministério Público e entregues. O MP alegou que os documentos não poderiam ficar no órgão porque o caso estava sendo investigado com segredo de justiça.

Representantes do Ministério Público foram convocados, mas não compareceram para prestar esclarecimentos. Freixo afirma que há falhas no decorrer do processo que precisam se esclarecidas. Para isso, a partir da semana que vem, ele vai se reunir com a chefe de Polícia Civil, delegada Martha Rocha e com o procurador geral do estado do Rio, o promotor Marfan Martins. “Esses líderes poderão intervir em seus respectivos órgãos e buscar fundamentos sobre o caso”, disse.

O esquema criminoso foi comentado pela ex-vereadora Odisseia Carvalho, os deputados estaduais Geraldo Pudim, Roberto Henriques e Jandira Rocha.

"Parece uma cena de filme de terror tudo o que essas vítimas contam no depoimento. Nós que somos, mães e avós ficamos chocados com isso", disse Odisseia.

A deputada Janira Rocha, que também integra a comissão de Direitos Humanos da Alerj, disse que o crime envolve médicos, hospitais, policiais, políticos e estabelecimentos comerciais. “Estou estarrecida com tudo o que li. Se for verídico o que está no inquérito, meninas de oito a quatorze anos eram escravizadas, viciadas em drogas e levadas em cativeiro. Elas eram obrigadas a fazer sexo com até 40 homens em uma noite. Nos inquérito há provas contundentes que batem com os depoimentos”, explicou a deputada Janira Rocha.

O deputado estadual Roberto Henriques disse que “Se médicos e políticos estiverem envolvidos eles têm que ser punidos, pois agiram como bandidos”.

Apesar da falta de respostas, Freixo considerou a audiência produtiva e garantiu que vai dar andamento nos procedimentos para a continuação das investigações.

Inquérito Policial

O Jornal terceira Via teve acesso a parte do Inquérito Policial e do depoimento da vítima que, na época, tinha de 13 anos. Segundo o documento, as vítimas menores de idade eram mantidas em cativeiros. As portas e janelas eram trancadas com correntes. As meninas eram obrigadas a usar cocaína até ficarem viciadas para se submeterem à prostituição. As meninas que tentavam fugir eram acorrentadas e forçadas a se intoxicar com cocaína, algumas morriam de overdose.

As vítimas eram levadas para festas heavy metal e eram obrigadas a fazer sexo com o público. Médicos de um hospital público de Campos contratavam as meninas por telefone e mantinham relações sexuais com as vítimas em guaritas na portaria. Políticos e empresários também exploravam as menores.

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