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Da Folha de S.Paulo (aqui):
bernardo mello franco
15/05/2013 - 16h41
A segunda privatização do metrô do Rio
Se a ideia for adiante, a empresa que pagar mais poderá botar sua marca no mapa do transporte público da cidade. E o carioca, que já sofre com trens lotados e panes sem explicação, agora se verá obrigado a usar estações com nomes caricatos como Bob's-Ipanema ou McDonald's-Cinelândia.
O metrô do Rio não precisava de mais esta. Nos últimos 15 anos, a rede ganhou apenas quatro novas paradas. A prometida expansão para a Barra, que não chegará nem perto do parque olímpico, já estourou o orçamento em 80%. A julgar pelo histórico fluminense, também não deve ser entregue até 2016.
No material em que explica o planos para rebatizar as estações, a concessionária diz se inspirar no teleférico Emirates Air Line, inaugurado no ano passado em Londres. O exemplo é impróprio e infeliz. O bondinho foi rejeitado e vive às moscas. Seu patrocinador assumiu riscos, bancou metade da obra e será solidário no prejuízo. No Rio, as estações foram construídas com dinheiro do contribuinte e já chegarão apinhadas para os novos anunciantes.
Além disso, o metrô carioca tem 40 km de extensão, e o londrino tem 402 km. Um prefeito que tentasse mexer no nome de estações conhecidas em todo o mundo, como Piccadilly Circus ou Waterloo, seria obrigado a renunciar e voltar a pé para casa.
A venda das estações do Rio foi idealizada pela IMX de Eike Batista, bilionário que mantém notória amizade com o governador Sérgio Cabral. Há uma semana, a empresa ganhou licitação para administrar o Maracanã, depois de ser contratada pelo Estado para fazer o estudo de viabilidade do negócio. Agora, poderá lucrar com mais uma aberração tipicamente carioca.
Bernardo Mello Franco é correspondente em Londres. Jornalista formado pela UFRJ, já trabalhou no Rio, em Brasília e em São Paulo. Está na Folhadesde março de 2010. Antes, passou pelo "Jornal do Brasil" e pelo "Globo". Escreve às quartas-feiras.
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