Foto: Roberto Stukert Filho/ABr
A presidente Dilma Rousseff fez duras críticas às denúncias de
espionagem dos Estados Unidos, logo no início de seu discurso na
Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas, em Nova York, na
manhã desta terça-feira, 24. Na plenária da ONU, Dilma qualificou as
ações como violação da soberania e dos direitos humanos. "Jamais pode
uma soberania firmar-se em detrimento de outra soberania", disse.
Após a revelação de documentos que indicavam o monitoramento de
conversas entre Dilma e seus assessores, além de dados da Petrobras e de
cidadãos brasileiros, a presidente cancelou a visita oficial que faria
aos Estados Unidos, em outubro. Em tom rígido, como era esperado, Dilma
definiu a conduta do governo norte-americano como "intrusão". "Sem
respeito à soberania, não há base para o relacionamento entre as
nações", afirmou no discurso, que marcava a abertura da sessão de
debates da Assembleia-Geral.
A presidente disse ainda que o governo brasileiro exigiu explicações
dos Estados Unidos, além de desculpas e garantias de que essas práticas
não se repitam. Dilma repetiu que as ações são "inadmissíveis" e mais
uma vez rechaçou os argumentos de que seriam adotadas para o combate ao
terrorismo. "Somos um país democrático, cercado de países democráticos,
pacíficos e respeitosos do Direito Internacional."
Dilma frisou que o Brasil vai redobrar os esforços para dotar-se de
legislação e tecnologia para proteger o País da interceptação ilegal da
comunicação de dados e cobrou respostas da comunidade internacional. "O
problema, porém, transcende o relacionamento bilateral de dois países.
Afeta a própria comunidade internacional e dela exige resposta."
A presidente antecipou que o governo brasileiro apresentará propostas
para a criação de um marco civil multilateral para a governança e uso
da internet. Segundo Dilma, o acordo deverá ser a garantia da liberdade
de expressão, de respeito aos direitos humanos e de neutralidade da
rede. "Este é o momento de criarmos as condições para evitar que o
espaço cibernético seja instrumentalizado como arma de guerra", disse.
Manifestações de junho. Dilma dedicou parte do discurso para falar
sobre as ações sociais de seu governo para o combate à pobreza e
relembrou os protestos de rua ocorridos no País, em junho, e os cinco
pactos apresentados em resposta às manifestações.
"O meu governo não as reprimiu, pelo contrário, ouviu e compreendeu a
voz das ruas. Ouvimos e compreendemos porque nós viemos das ruas",
disse Dilma na plenária. "Sabemos que democracia gera desejo de mais
democracia e qualidade de vida desperta anseios de mais qualidade de
vida", afirmou.
(Do Estado de S.Paulo) aquiSaiba aqui porque é privilégio do Brasil abrir, anualmente, a Assembleia-geral da ONU.
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