Roberto Stukert Filho/ABr
O discurso da presidente Dilma Rousseff na abertura da Assembleia Geral
da Organização das Nações Unidas (ONU) recebeu destaque na imprensa
internacional. Os veículos de comunicação chamam atenção para a
afirmação feita por Dilma de que a espionagem viola o direito
internacional e a ação sofrida pelo Brasil teria objetivos econômicos.
Para o britânico "The Guardian", o discurso de Dilma foi "furioso" e
mostra que a relação entre Brasília e Washington pode ser, até agora, o
maior problema gerado pelo vazamento de documentos por Edward Snowden.
A versão eletrônica do "Guardian" na internet dá chamada na primeira
página para o discurso de Dilma. Logo abaixo de uma foto do presidente
dos Estados Unidos, Barack Obama, o título diz "Rousseff condena a
vigilância da NSA". O "Guardian" foi o jornal que revelou a maior parte
das denúncias de espionagem do governo norte-americano ao longo dos
últimos meses.
Para o jornal, a presidente brasileira fez "um duro ataque" contra a
espionagem dos EUA e acusou o governo norte-americano de violar a lei
internacional ao realizar a "coleta indiscriminada" de informações de
cidadãos brasileiros. Além disso, a reportagem diz que o discurso
sinalizou que a espionagem teria como alvo "setores estratégicos" da
economia brasileira. O Guardian classificou o tom do discurso de Dilma
como "furioso" e um "desafio direto a Obama que aguardava ao lado para
discursar em seguida".
A página na internet da emissora de televisão britânica BBC também
produziu uma reportagem sobre o discurso de Dilma. Com o título
"Presidente Dilma Rousseff ataca os EUA por acusação de espionagem", o
texto chama atenção que o discurso classificou como "insustentável" o
argumento dado por Washington de que a espionagem feita no Brasil tinha
objetivos de proteger contra a ação de terroristas.
A BBC destaca ainda a afirmação de Dilma de que a espionagem pode ter
objetivos econômicos. A reportagem afirma que "a informação
corporativa, muitas vezes de elevado valor e até mesmo estratégica,
teria sido o centro das atividades de espionagem no Brasil". O texto
lembra ainda que a presidente brasileira cancelou uma visita de Estado
ao colega Obama planejada para as próximas semanas.
O mais importante jornal espanhol, o "El País", traz como segunda
principal matéria em sua página na internet "Rousseff denuncia as
práticas de espionagem diante das Nações Unidas". O texto destaca a
proposta brasileira de uma regulação para a internet para evitar
atividades de vigilância que representariam "a violação da soberania e
dos direitos humanos".
Argentina. Nos jornais argentinos, a presidente
brasileira também ganhou repercussão.O Clarín ressaltou a afirmação da
presidente de que o ciberespaço não pode ser usado como arma de guerra e
a denúncia de que a espionagem dos EUA foi uma afronta contra o Brasil e
uma falta de respeito que não pode ser justificada pelo combate ao
terrorismo.
Já o La Nación chamou a atenção para a acusação de que os EUA
quebraram o direito internacional, violaram os direitos humanos e a
liberdade civil. Os jornais econômicos El Cronista e Ámbito Financiero
também deram destaque ao discurso da presidente. "Dilma denunciou que
espionagem dos EUA violou a soberania do pais", titulou o Ámbito.
Enquanto o El Cronista observou a crítica de Dilma sobre a espionagem
americana em países aliados.
Transmissão. O sinal europeu da emissora
norte-americana CNN transmitiu ao vivo mais de dez minutos do início do
discurso de Dilma Rousseff. Foi exatamente nesse trecho que a presidente
brasileira fez as críticas contra a espionagem. Demais emissoras
europeias, como as britânicas BBC e a Sky News, estavam exibindo no
mesmo momento discursos da convenção anual do Partido Trabalhista
inglês. Outras emissoras de notícias, como a Euronews e o sinal da Al
Jazeera para a Europa, exibiam reportagens e transmissões ao vivo sobre o
ataque ao shopping center no Quênia.
Íntegra da matéria aqui no Estado de S.Paulo.
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