terça-feira, 20 de maio de 2014

TRANSPOSIÇÃO DO PARAÍBA: "QUALQUER DIMINUIÇÃO DO NÍVEL DO RIO ALTERA DINÂMICA DE RIOS E LAGOAS E LENÇOL FREÁTICO DA BAIXADA E SALINIZAÇÃO EM SJB"


Comitê emite nota técnica contra transposição do Paraíba

Cheia Paraíba do Sul - 04-01-12 - cota 10,87 - 12h (66)

Em nota técnica encaminhada ao Conselho Estadual de Recursos Hídricos e ao Comitê de Integração da Bacia do Rio Paraíba do Sul (Ceivap), a Câmara Técnica de Recursos Hídricos e Equipamentos Hidráulicos do Comitê do Baixo Paraíba do Sul e Itabapoana critica a decisão da Agência Nacional de Águas (ANA) de permitir mais uma transposição do Rio Paraíba do Sul, desta vez para atender ao município de São Paulo.
O documento — que expõe o cenário atual da região Norte e Noroeste Fluminense quanto ao uso das águas do Paraíba para abastecimento da população e suas atividades econômicas, além de traçar os possíveis impactos na segurança hídrica da região frente à redução da vazão do Paraíba — considera arbitrária a decisão tomada pela ANA.
— Já está certo que vai ser feita a transposição. Agora, a discussão é de onde serão tirados os 17 m3/s que devem ir para São Paulo: do Rio Guandu ou do restante do Estado. Nós defendemos que devem ser tirados da capital, para que o interior do Estado não seja ainda mais prejudicado — explica um dos diretores do Comitê, João Gomes de Siqueira, pesquisador do Laboratório de Zootecnia e Nutrição Animal (LZNA) da UENF.
Ele lembra que, desde a década de 1940, o Rio Guandu recebe 119 m3/s das águas do Paraíba para atender à capital fluminense, restando 71 m3/s para o restante do estado. Na época, não houve nenhuma discussão sobre os impactos que esta transposição poderia trazer ao interior do Estado.
— Sem dúvida,  esta transposição, que tomou 2/3 das águas do Paraíba para atender à cidade do Rio de Janeiro, foi a causa para muitos problemas que vemos hoje — diz João Gomes, que esta semana participa de um seminário promovido pela Rede Vale sobre a transposição paulista.
A nota técnica afirma que há um erro nos números que amparam a decisão da ANA. “O erro consiste em acreditar que são observadas médias anuais superiores a 500 m3/s. Os resultados de estudos científicos da UENF e UFF demonstram que o rio tem vazões muito mais baixcas do que esse valor e por um longo período de tempo durante o ano”, diz o documento. “Os dados mostram que em mais de 80% do tempo são observados e medidos valores situados abaixo de 200 m3/s, com picos de vazões mínimas de 79  e 118 m3/s em São Fidélis e Campos, respectivamente”.
De acordo com a nota técnica, “qualquer diminuição do nível do rio, na ordem de centímetros, alteraria a dinâmica hídrica dos canais e lagoas da região, influindo também no lençol freático de toda a baixada campista”. Ainda segundo o documento, a diminuição da vazão do Paraíba agravará ainda mais o problema da salinização causado pelo avanço da água do mar em São João da Barra.

Ascom/Uenf

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