domingo, 5 de abril de 2015

JUSTA HOMENAGEM (1)

Do Blog do jornalista Antunis Clayton (aqui):



Kapi, “irmão” na arte da vida

Junto com Kapi, na festa logo após a apresentação do vídeo, em entrevista a Tania Borges (Plena TV)
Junto com Kapi, na festa logo após a apresentação do vídeo, em entrevista a Tania Borges (Plena TV)
Um dos trabalhos mais belos e dos quais mais me orgulho foi um vídeo-documentário-testemunhal que produzi juntamente de Kapi, que na carteira de identidade também é identificado como Antonio Roberto Gois Cavalcanti. Mas, para que o DVD ficasse pronto em tempo para a ocasião com data marcada (uma festa de aniversário), além de quase uma semana de gravações, foram necessárias três noites em claro diante de uma ilha de edição, tendo como companhia Lucas Rodrigues, na época um menino, muito competente, mas permeado com a ansiedade própria dos jovens.
Para aqueles que não conhecem uma ilha de edição, explico que se trata de um computador com uma tela imensa, uma espécie de mesa de corte. Ficávamos sentados os três juntos, tendo Lucas no meio dos dois, operando o equipamento, enquanto eu e Kapi falávamos aquilo que desejávamos para o trabalho. As vezes, um dos dois arrastava ou inclinava a cadeira um pouco pra trás, com o objetivo de trocar uma ideia ou outra, enquanto Lucas terminava uma ação ou mesmo aguardava a definição dessa “conferência”.
Por fim, o cansaço era enorme, mas o prazer da realização impressionante. Numa determinada ocasião, não me lembro bem o porquê, Lucas perdeu a paciência e entrou numa discussão desnecessária com Kapi, que tinha gênio forte e não “refrescava” pra ninguém. Então, puxei Lucas pelo braço e o repreendi, fazendo que ele abrisse os olhos para o expoente que estava à sua esquerda, o nome genial que estava assinando aquele vídeo com ele. Recordo as palavras que disse na ocasião. “Menino, quando este vídeo for mostrado, me orgulhará mais a minha assinatura junto da assinatura de Kapi do que o conteúdo que produzi. E olha que eu sou macaco velho”.
Recado dado, o trabalho continuou com a brilhante edição de Lucas e o resultado foi fantástico. O produto final elogiadíssimo e eu ganhei certo norral (ou know-hall, pra quem preferir) na área de produção e edição de vídeo debutando ao lado de Kapi.
Hoje, Sexta-Feira da Paixão, quando chego à Curva do Rio, encontro a notícia da morte de Kapi, que cheguei a visitar enfermo e disse que o amava (e repito aqui). Kapi era dessas pessoas que não passavam despercebidas pela vida de ninguém, ele tinha a marca da opinião forte e da amizade, além de um sorriso inconfundível.
Não lembro bem por qual ocasião, mais lhe dei um presente: um livro meio biográfico, com pequenas passagens da vida de São Francisco de Assis. Como Francisco foi o primeiro homem na História do Cristianismo a chamar sua comunidade de fraternidade, fecho essa postagem pedindo que Nosso Senhor Jesus Cristo acolha o “meu irmão Kapi”.
Compartilhe

Nenhum comentário:

Postar um comentário