domingo, 14 de junho de 2015

O VENDEDOR DE ILUSÕES

Da Edição de hoje da Folha da Manhã e Blog Opiniões (aqui), de Aluysio Abreu Barbosa:

Artigo do domingo — O vendedor de ilusões

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vendedor de ilusões


Economistas e analistas políticos Wilson Diniz e Ranulfo Vidigal
Economistas e analistas políticos Wilson Diniz e Ranulfo Vidigal
Por Wilson Diniz e Ranulfo Vidigal

Recorremos ao filósofo plebeu Antístenes (440 – 365 a.C.) discípulo de Sócrates para tentar explicar o caso patológico do ator político e secretário de Governo de Campos, que implantou na localidade o modelo de Hugo Chávez e de Nicólas Maduro, falindo a cidade que possui um dos 20 maiores orçamentos entre os municípios brasileiros.
Para o filósofo, a glória e a fama são ilusões criadas pela sociedade que destroem a liberdade das pessoas, fazendo com que elas se tornem escravas dessas ilusões. Nosso personagem vende ilusões e fantasias políticas, tornando refém do seu modelo de governo uma massa do tecido social de pobres, sem escolaridade, com seus programas populistas de transferência de renda, sem priorizar a geração de uma única vaga de emprego na indústria campista.
Há 30 anos, através do Muda Campos prometeu romper com a oligarquia dos donos da cana de açúcar. Passados anos, entretanto, implantou uma oligarquia familiar mais severa. Brinca com o poder em rotatividade de governança, passando o comando da cidade para sua mulher e para amigos “confiáveis”.
As finanças do município desde 2009 fotografam o fracasso de seu modelo populista de Hugo Chávez. Até 2014, as receitas superaram cifras astronômicas. Mais de R$ 17 bilhões, sendo 84% de transferências governamentais com os repasses dos royalties ultrapassando mais de R$ 1 bilhão por ano.
Hoje, passado quatro meses do ano, as contas da Prefeitura mostram o quadro caótico das finanças publicada no Diário Oficial. Com todas as receitas de seis anos sem crise do preço do barril do petróleo, o município está endividado em mais de R$ 560 milhões e atrasa, sistematicamente, seus compromissos com fornecedores, prestadores de serviços e empreiteiras, conforme constatado pela Folha da Manhã.
Mantendo o orçamento municipal dependente de uma commodity instável e sujeita ao jogo geopolítico internacional, o secretário “salvador da pátria” assusta-se com a queda real de sua receita orçamentária em 30%, nesse primeiro quadrimestre de 2015. Isso forçou um redirecionamento do gasto, com queda nos investimentos públicos da ordem de 60%, bem como de quase 40% no custeio da pesada máquina eleitoral.
Em 2014, o atual secretário da Prefeitura quebrou a estrutura financeira do município. Pegou empréstimo de R$ 250 milhões no Banco do Brasil aceitando pagar cerca de R$ 50 milhões em encargos financeiros, na finalidade de cobrir os descasos no manejo das contas para financiar sua ambição desmedida de chegar ao Palácio Guanabara.
Para completar o quadro de falência, tenta impor às futuras gerações uma pesada herança. Pretende contrair uma nova antecipação de receitas, depois da sessão polêmica de aprovação na Câmara dos Vereadores (aquiaqui e aqui). Supondo que o montante da operação atinja R$ 1 bilhão, para pagar volumosas dívidas acumuladas desde 2014, uma simples pesquisa junto à rede bancária revela um custo dessa operação de aproximadamente 30% ao ano (R$ 300 milhões) — valor que forçará o próximo dirigente municipal a ficar sem qualquer possibilidade de manejo orçamentário, já em 2017, a não ser por um aumento brutal de impostos municipais como IPTU e ISS.
Nesse contexto preocupante, um despertar coletivo tende a fortalecer o processo de mudança política na capital do petróleo. Aliás, esse quadro já foi retratado pela Folha da Manhã com a publicação de pesquisas de opinião pública (aquiaquiaquiaquiaquiaqui e aqui), dos institutos Pappel e Pro4, realizadas em abril no município.
A solução passa por superar o modelo venezuelano vigente. Campos paga preço alto em ter no comando da cidade um vendedor de ilusões, que no rádio, com sua retórica sofista recheada de clichês, ludibria a população mais carente da cidade distribuindo benesses à custa do cidadão comum, que paga uma salgada conta nessa crise que se arrasta e assusta a todos.

Publicado hoje na Folha da Manhã


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