quarta-feira, 10 de junho de 2015

VITÓRIA COM SABOR DE DERROTA

Batista garantiu a vitória do governo Rosinha & Garotinho pelo placar apertado de 13 a 10, mas foi o grande derrotado do dia


Nada será como antes. A sensação é de quem assistiu à sessão da Câmara Municipal que Campos, que chegou ao fim agora há pouco, depois de quatro horas e meia em que se viu de tudo. A começar pela votação de um pedido de licença de um vereador em pleno gozo de licença concedida, pelo mesmo Plenário, em 20 de abril deste ano e com vigência até o próximo 20 de julho.
A licença dentro da licença foi apenas o início de um script típico de uma república de bananas comandada por um chefete, cuja competência parece não superar a condição de serviçal obediente, um verdadeiro “soldadinho de chumbo”. O motivo era matematicamente evidente por causa da rebelião de parte da base aliada que, alijada das benesses escassas por força da crise inconteste, costeou tanto o alambrado que não teve volta — por enquanto — a não ser aderir à oposição. Dos 25 vereadores, cinco são da oposição, outros cinco se declararam independentes e, com um de licença médica (Paulo Hirano,  em tratamento nos Estados Unidos), e o presidente regimentalmente sem voto, a bancada do governo — antes o poderoso “rolo compressor”— minguou de tão forma que foi preciso abrir mão dos escrúpulos ainda remanescentes para garantir os 13 votos mínimos necessários para aprovar o projeto do empréstimo.
Para tanto, a prefeita exonerou, em edição especial do Diário Oficial no meio da tarde, o secretário de Gestão de Pessoas e Contratos, Fábio Ribeiro, vereador licenciado — vejam só — ainda a tempo de reassumir sua cadeira na Câmara sem tirar o suplente, vereador Kellinho, e  garantindo assim os 13 votos necessários para votar e aprovar a autorização do empréstimo. Urdiu-se uma manobra fantástica, pela qual o vereador licenciado, Paulo Hirano, mandou uma carta (dos Estados Unidos), pedindo uma licença dentro da licença anterior, desta vez para tratar de “assuntos particulares”. Ora, o vereador está desde  02 dezembro de 2014 (reveja aqui) sem ir à Câmara, depois de, como ele mesmo postou em seu perfil no Facebook, sofrer um acidente doméstico. Mantiveram a vaga por conta de uma licença só oficializada quatro meses depois que o vereador deixou de exercer suas funções para, de repente, sacar essa estratégia para garantir a maioria que fugia pelos dedos. O que fizeram equivale a um técnico de futebol que, por cochilo do juiz, coloca 12 jogadores de seu time em campo conta os 11 do adversário.
Mas tem tudo está perdido. O placar de 13 a 10 mostra que a situação mudou e mais importante que isso, os vereadores romperam o tácito acordo de cordialidade com o presidente da Casa, vereador Edson Batista, e passaram a tratá-lo pelo que ele é: um despachante do Governo Rosinha & Garotinho sentado na cadeira de presidente do Poder Legislativo e, partir de agora todas as suas atitudes não condizentes com o regimento e com o que se espera do um dirigente de um poder constitucionalmente independente será combatido à altura do agravo. Vários vereadores o chamaram de “ditador” e até de “Fidel Castro” e a temperatura deve aumentar nas próximas sessões, porque, viu-se uma oposição mais ativa,  conhecendo o regimento e, principalmente, sepultando o maldito compadrio pelo qual os maus corrompem os bons pela omissão.
Quanto ao empréstimo em si, nada resta a dizer a não ser lamentar que, mais uma vez, vão roubar as gerações futuras para garantir a vida boa de uma minoria.

Mas isso é assunto para depois.
(Ricardo André Vasconcelos)

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