segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

LUIZ EDUARDO: CONTRA DILMA E O IMPEACHMENT SEM ACUSAÇÃO CONSISTENTE

Do sociólogo Luiz Eduardo Soares:


Luiz Eduardo Soares
 de guardião da ética. Cunha não merece nem adjetivos. 2013 evidenciou o colapso da representação. 2014 revelou, na campanha, que a sordidez do PT não tem limites. A Lava-Jato provou que o crime institucionalizou-se. Os partidos sectários esquerdistas, como o PSOL, são personagens patéticos e melancólicos, que acabaram aderindo ao PT, e vão abraçá-lo agora de novo, porque consideram a crítica ética um desprezível moralismo pequeno burguês e toleram a corrupção, desde que seja "de esquerda”, porque acham que o problema é uma entidade metafísica chamada “o sistema”. Por tudo isso, no Brasil, a tarefa número um é recusar a corrupção, venha de onde vier. É recusar o crime organizado de colarinho branco e adesivo partidário, ao mesmo tempo em que se impõe a repulsa mais veemente ao genocídio de jovens negros e pobres nas periferias. São duas faces da mesma moeda. A barbárie também veste Prada. E o impeachment? Não me venham dizer que impeachment é golpe. Basta de cinismo: o PT pediu o impeachment de FHC. Não era golpe? Agora é? Então deixem de hipocrisia. Ninguém é idiota. Posem de vítima à vontade, não terão minha solidariedade: ao PT devemos a destruição do patrimônio que as esquerdas democráticas construíram ao longo de décadas com o sacrifício de tantas vidas na luta contra a ditadura. O PT merece a crítica mais indignada. Foi o primeiro governo Dilma, esticando a corda das políticas anticíclicas do segundo governo Lula, que provocou o desastre econômico. Foram Dilma e o PT que levaram para o ralo a credibilidade e a confiança, sem as quais não há economia, nem democracia. Dilma subestimou a questão climática, ridicularizou os desafios ambientais, negligenciou a sustentabilidade. Ante a crise que causou, joga nas costas dos grupos sociais mais vulneráveis os custos do ajuste. No front dos direitos humanos, desdenha de toda uma história construída por tantos militantes em todo o país, inclusive petistas honrados (porque há homens e mulheres honrados em muitos partidos, inclusive no PT), e aposta na militarização mais grosseira e regressiva. Se dependesse de meus sentimentos, o impeachment viria com um brado retumbante. Entretanto, aprendi na resistência clandestina à ditadura e ao longo de décadas de militância, que não se fazem justiça social e democracia rasgando a Constituição. Impeachment é um recurso legal, mas exige denúncia consistente. O governo Dilma provocou recessão, depressão, desemprego, recuo em todas as esferas, mas o impeachment não é um expediente para ejetar maus governantes. Para ser aplicado requer acusação específica qualificada e comprovável. Pode ser que surja, mas ainda não foi formulada. Por isso, sou contra Dilma e contra o impeachment, enquanto não houver razão legalmente defensável. Em primeiro lugar, o respeito à Constituição. Só assim avançaremos. Mas advirto: não esperem que eu atenda ao canto de sereia. O PT vai tentar aproveitar-se da conjuntura para convocar uma frente de esquerda sob cuja máscara vai omitir o fato de que institucionalizou a corrupção em escala épica, assim como vai ocultar os erros que destruíram expectativas positivas e empurraram o país para o desastre. Dilma e o PT têm encontro marcado com o tribunal da história. Não estarei a seu lado nas ruas, assim como não estarei ao lado dos reacionários e oportunistas que buscarão aproveitar-se da decomposição do PT e de seu governo para colocar em marcha seus projetos indecorosos e perversos. Quero ajudar a construir um país diferente. Em síntese, assim como meu partido, a Rede Sustentabilidade, sou contra Dilma e, enquanto não houver acusação consistente, contra o impeachment.

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