quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Isso é Brasil


Maria do Socorro, que sofreu o acidente com barco aos 7 anos, ontem na Câmara dos Deputados com a Secrerária Ester Araújo
(Foto Antônio Cruz/ABr)
Maria do Socorro tira a peruca para mostrar as marcas no corpo e " alma" (Foto Antônio Cruz/ABr)
A presidente da Associação das Mulheres Escalpeladas do Amapá, Maria do Socorro Pelaes Damasceno, pediu hoje a criação de um auxílio financeiro para as vítimas de escalpelamento, pois muitas delas não conseguem emprego, em razão do preconceito. Ela própria, vítima de escalpelamento aos 7 anos de idade, listou uma série de situações em que foi vítima de preconceito e violências, como ser ridicularizada na rua, ser constrangia ao ter a peruca arrancada em público e ver os filhos serem discriminados na escola.
— É revoltante. A cicatriz não é só cabeça, mas também na alma — disse. O escalpelamento ocorre quando os cabelos das pessoas ficam presos em hélices dos barcos.
Segundo a secretária de Políticas para as Mulheres do Amapá, Ester de Paula Araújo, desde o ano 2000 foram atendidos em prontos-socorros de Macapá, capital do Amapá, 248 casos de escalpelamento, sendo 85% mulheres e 15% homens. Ester Araújo, no entanto, ressaltou que há subnotificação desses casos. Ela explicou que, quando as pessoas acidentadas são da família do dono do barco, elas não notificam as autoridades com medo de perder a embarcação, que, muitas vezes, garante a subsistência da família.
Segundo Ester Araújo, são comuns os casos de famílias que abandonam as pessoas vítimas de escalpelamento, em razão das dificuldades do tratamento. "É um trauma terrível. As vítimas precisam de acompanhamento psicológico permanente, sofrem com febres e dores de cabeça constantes, desenvolvem alergias e não podem trabalhar", disse a secretária. Ela defendeu também campanhas informativas para divulgar o problema.
Ester Araújo participou de audiência pública sobre escalpelamentos na Comissão da Amazônia, Integração Nacional e de Desenvolvimento Regional, no plenário 12.


(Com informações da Agência Câmara)

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