Mais um trecho:
Folha – E, eleito presidente da Câmara, o que mudaria em relação ao que é feito hoje?
Feijó – Eu mudaria. Primeiro eu iria fortalecer a harmonia dos poderes. Eu acho que falta mais solidez na relação, solidez de espírito público, entre o Legislativo e o Executivo. Falta essa harmonia. Folha – Mas como falta harmonia se o Executivo tem conseguido até 15 votos entre os 17 vereadores da Câmara? Feijó – Não, mas é uma aliança frágil.
Folha – Frágil por quê?
Feijó – É frágil porque existe muita polêmica em relação a determinadas votações. Cada votação é uma negociação que o prefeito tem que se envolver; o vereador, por qualquer motivo, não quer votar. Os partidos não estão nem aí para o que acontece na Câmara; os vereadores não são cobrados pelos partidos. Essa relação tem que ser mais harmoniosa e ser consolidada com mais espírito público. A Câmara tem que ser independente, sim, do Poder Executivo. A Câmara tem que cobrar, que fiscalizar, tem que ajudar o prefeito a administrar esta cidade. A Câmara tem que ter determinadas bandeiras e aprovar comissões lesgilativas, como nós aprovamos na nossa época, problemas com a antiga Cedae, problemas dos royalties do petróleo, problemas do gás natural. A Câmara tem que estar mais inteirada e discutir os problemas que afligem nossa comunidade. Eu sinto, hoje, uma acomodação muito grande. Os vereadores fazem um varejo enorme, buscando as suas reeleições e deixando projetos importantes relegados em segundo plano.
Folha – Buscando suas reeleições em que termos?
Feijó – Hoje, existe uma preocupação eleitoral muito grande por parte dos vereadores.
Folha – Até pela insatisfação popular contra a atual Câmara, muitos apostam que ela deve passar por uma grande renovação. Acredita nisso?
Feijó – Eu tenho minhas dúvidas. Embora eu veja também, nas ruas, essas críticas, essa insatisfação em relação à atual Câmara, eu tenho que reconhecer que o vereador com mandato, hoje é detentor de uma senhora estrutura política-eleitoral. Eles têm uma estrutura de gabinete muito grande, quase que comparada a de deputados estaduais e federais. Os vereadores têm, hoje, emendas individuais, talvez um fato inédito na política do Brasil. Os vereadores destinam esses recursos...
Folha – Inédito por quê?
Feijó – Inédito porque eu nunca vi vereador, em Câmara nenhuma do Brasil, ter emendas individuais para aplicar esses recursos onde bem entenda. Isso cria uma estrutura monstruosa em relação ao poder eleitoral desses vereadores. Por mais desgastados que eles estejam, essa estrutura pesa muito na hora da decisão final eleitoral.
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