Por que Câmara se negou a debater cultura de Campos?
Adriano — “Quando soube que os vereadores Auxiliadora Freitas e Rafael Diniz propuseram um diálogo sobre a cultura, entre a Câmara e a sociedade, pensei: enfim, nossos políticos amadureceram. Vinte e quatro horas depois fui informado que o debate não ocorreria, após a Câmara ser esvaziada no dia anterior. A pergunta é uma só: por que não discutir? O fato de a Câmara se negar a viabilizar a audiência, que contaria com representantes indicados pelos vereadores proponentes, prova apenas que alguma coisa deve estar muito errada na gestão cultural”.
Deneval — “A questão não tem mesmo nada a ver com a polêmica do casal Garotinho ser ou não ‘melhor’ para Campos, mas, sim, a traição dos que lutam por uma cultura mais planejada, com um Conselho, um Fundo de Cultura e ações concretas que não sejam shows. Governam para mortos-vivos, ou, pelo menos, assim acham. Menosprezam as cabeças pensantes. Isso, aconteceu, por exemplo, quando a Câmara foi esvaziada. Não há liderança nenhuma. Ninguém manda lá. Quem manda é o deputado!”
Soffiati — “Saudei a iniciativa da Câmara de promover audiências públicas sobre os mais diversos temas. Participei de duas: dos canais da Baixada e do MST. Que eu saiba, todas transcorreram em tranquilidade. Por isso, estranhei muito que a bancada governista tenha bloqueado o pedido de uma audiência para debater a cultura. Há algo a temer? Será que as audiências são só consentidas quando se referem aos governos federal e estadual? Será mesmo necessário blindar o governo de avaliações que visam colaborar ao seu aprimoramento?”
Cristina — “Lamentável que se tenha perdido uma excelente oportunidade de se estabelecer o diálogo sobre um tema tão relevante como a cultura, especialmente quando ele teria sido proposto numa cidade de tradição cultural como a nossa. Depois de 20 temas diversos já terem sido levados a efeito, em audiências públicas na Câmara, rejeitar o debate sobre a cultura deixa um gosto amargo de desinteresse, descaso e desrespeito com a classe artística e a sociedade, como um todo. Tenho convicção de que o debate se daria no seu mais alto nível”.
Sisneiro — “Antes de mais nada, não acho absurdo um gran-de fazendeiro contratar um grande artista para um encontro entre amigos. O que está acontecen-do? Há um grande comprador de mentes pairando sobre uma faixa territorial do nosso país. Há um messiânico que segue à risca as lições de Maquiavel. Ao perguntar o que um conhecido meu estava fazendo, obtive a seguinte resposta: ‘Está construindo uma suástica diferente’. Sonha em ser o Imperador da Babilea e usará de toda sua inteligência em artifícios para realizar esse sonho”.
Kapi — “Cheguei a acreditar que com a assinatura de Auxiliadora a audiência estaria garantida. Ledo engano! Estou indignado com essa atitude covarde e desrespeitosa. É triste constatar que o teatro só serviu de trampolim para o casal e que vereadores da situação não passam de fantoches nas mãos deles. É desalentador ver o estágio em que o município chegou. Acho que a classe artística deveria se unir e botar o bloco na rua, reivindicando que a audiência aconteça”.
Ricardo — “A rejeição da audiência pública pelos vereadores que servem a Rosinha foi um tiro no pé: uma confissão pública de que algo de errado se esconde nos porões do Palácio da Cultura; e parece um segredo tão frágil que não resiste a uma discussão pública e honesta. Politicamente foi uma burrice. O veto deu mais munição, não só à bancada de oposição no Legislativo, mas também ao que resta da sociedade civil não cooptada. Coisa de amadores(as). Foi o triunfo efêmero da mediocridade”.
Publicado na edição impressa da Folha de hoje.
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