terça-feira, 21 de julho de 2015

DESERÇÃO DE PUDIM É DE FATO OU DE ARAQUE?

Publicado na edição impressa desta teça-feira da Folha da Manhã (página 2) e no Blog Opiniões:


Dúvida


Jornalista e blogueiro Ricardo André Vasconcelos
Jornalista e blogueiro Ricardo André Vasconcelos
Por Ricardo André Vasconcelos 

Enquanto o deputado Geraldo Pudim (ainda no PR), mantém o mais absoluto silêncio (em público), sobre a troca de patrono, seu nome continua no centro do debate eleitoral para 2016. Sábado foi o ex-chefe Garotinho a lamuriar-se num longo e histriônico discurso na rádio da turma dele e, na edição de domingo da Folha da Manhã, quem falou por Pudim foi o presidente da Assembleia Legislativa e cacique do PMDB fluminense, Jorge Picciani.
Tanto o teatrinho de Garotinho — que teve trilha musical e interrupção por uma crise de choro — quanto à anódina entrevista de Picciani, reforçam a tese crescente de que estaria sendo urdida uma armação para introduzir Pudim no cenário eleitoral de 2016 como uma opção da oposição, com o intuito de dividir as forças que se contrapõem ao garotismo e tornar menos difícil a vitória de um candidato da situação, que, aliás, anda atrás de um candidato como um Diogénes com sua lamparina acesa em busca de um homem honesto.
Enquanto se mantiver calado, sem rejeitar publicamente o ninho que deixou, o deputado Pudim dificilmente se livrará da suspeita de uma conspiração cumpliciada por Garotinho e Picciani. Para quem imagina impensável uma aliança nas sombras, convêm refrescar a memória: a trinca Picciani/Paulo Mello/Sérgio Cabral foi o tripé de sustentação dos oito anos em que Garotinho/Rosinha governaram o Estado do Rio de Janeiro. O trio se revezou no comando da Assembleia Legislativa em sintonia finíssima com o casal no Palácio Guanabara. Nenhuma turbulência pública entre os dois poderes em todo o período.
No chororô de sábado, Garotinho anunciou que foi ele, em negociação direta com Picciani, quem deu a Pudim a cadeira de primeiro-secretário. Disse que, na disputa entre Picciani e Paulo Melo, ficaria com a presidência da Alerj, quem os sete deputados do PR apoiassem, e que ele, Garotinho, decidiu por Picciani, mas impondo Pudim no segundo cargo mais importante da Assembleia. Mas na época, negou qualquer participação e atribuiu à bancada a decisão de participar da Mesa. Em outro ponto do “desabafo”, Garotinho disse ter recebido um telefonema do deputado Paulo Melo, alertando-o da traição de Pudim. O mesmo Paulo Melo, a quem o ex-governador dizia estar proibido, pela Justiça, de publicar o nome em seu Blog. Outro que teria telefonado para ele para falar da saída de Pudim, o colunista Fernando Molica, de O Dia, desmentiu, no mesmo sábado sem seu blog, afirmando que há dois meses não conversa com Garotinho.
Alguns termômetros vão apontar nas próximas semanas se a deserção de Pudim é de fato ou de araque. As cassandras garotistas vão “bater” sem piedade no deputado desertor, como fazem com todos os traidores? A turma de Pudim que atua nas redes sociais e defende com fidelidade canina o governo Rosinha vai criticar a administração? E, principalmente: quando Geraldo Pudim — vereador, vice-prefeito, deputado estadual e deputado federal, sempre eleito pelas mãos e pés de Garotinho — vai assumir as teses da oposição? Só quando vier a público rejeitar o modelo político-administrativo desse grupo, cobrar transparência do governo e apuração das denúncias de corrupção, aí, sim, veremos de lado está o deputado feito de vento, que precisa ter um dono para existir como político.
Olhando o quadro como está hoje, Pudim é o candidato ideal para os dois lados: Garotinho o quer disputando pelo PMDB para rachar a oposição e a oposição o prefere candidato do garotismo porque acha mais fácil de derrotar.
E, pensando bem, trocar Garotinho por Picciani é… deixa pra lá.

Artigo escrito com base nas postagens publicadas previamente aqui e aqui, no blog “Eu penso que…”, e publicado hoje na Folha da Manhã

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