BRASIL
| N° Edição: 2286 | 06.Set.13 - 20:40 | Atualizado em 06.Set.13 - 20:51
Até tu, PSOL?
Denúncias de desvio de dinheiro e fraudes cometidas pela presidente do PSOL no Rio igualam o partido às demais legendas flagradas em atos ilícitos
Wilson Aquino
Desde sua fundação, há quase oito anos, o PSOL parecia resistir como uma espécie de reserva moral da política brasileira. Na última semana, porém, o partido rasgou a fantasia e se igualou às demais legendas já flagradas em malfeitos. Na segunda-feira 2, a presidente do partido no Rio de Janeiro, a deputada estadual Janira Rocha, 52 anos, foi desmascarada após aparecer em gravações admitindo ter cometido uma série de fraudes e desvios de dinheiro público. As ações nada republicanas da parlamentar vieram à tona depois que dois de seus ex-assessores, Marcos Paulo Alves e Cristiano Ribeiro Valladão, foram presos tentando vender para a deputada estadual licenciada Cidinha Campos (PDT), atual secretária estadual de Defesa do Consumidor, por R$ 1,5 milhão, um dossiê com documentos e fitas gravadas.
VALA COMUM
Presidente do PSOL-RJ ficava com mais da metade do salário
de seus assessores e ainda desviava dinheiro para campanha
Na delegacia, Alves denunciou que, dos R$ 7.200 de seu salário, R$ 4 mil eram retidos por Janira sob o pretexto de “cotização”, e que a prática era comum a outros funcionários. Em áudio entregue pelo assessor à polícia, a parlamentar confirma o delito. “Pode até ser que algumas coisas feitas aqui, como a cotização, não sejam legais para fora. Mas isso não me envergonha”, alegou ela. Os dirigentes do PSOL fluminense juram que o dinheiro não era repassado para a legenda. Segundo o secretário-executivo Honório Oliveira, “se realmente existiu, nunca chegou aos cofres do partido”. Procurada, a deputada alegou que a “contribuição” era voluntária e esporádica. Ainda assim, a prática seria ilegal de acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Em outro áudio, ao qual ISTOÉ teve acesso, Janira assume ter desviado dinheiro do Sindicato dos Previdenciários do Rio (Sindsprev) para sua campanha eleitoral. A deputada dirigiu a entidade por seis anos. “Todos sabem que o dinheiro foi para a minha campanha”, reconheceu. Na mesma gravação, ela também sugere que falsificou a prestação de contas do sindicato: “A gente pode botar no relatório que o dinheiro foi para atividades políticas mobilizadoras. Não pode dizer que foi para a construção do PSol, para eleger deputado. Isso é crime”, disse ela no áudio. Em meio às denúncias, Janira se afastou da presidência regional e da liderança do partido na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) e, agora, enfrenta processos na Corregedoria da Alerj e na Comissão de Ética do PSOL. Um pode determinar a cassação do seu mandato e, o outro, a sua expulsão do partido.
Principal nome da legenda e possível candidato ao governo do Rio, o deputado estadual Marcelo Freixo lamentou o episódio. “Isso pode colocar, sim, o PSOL na vala comum. Por isso, temos que ser enérgicos e punir quem errou”, afirmou à ISTOÉ. O deputado federal Chico Alencar (PSOL-RJ) reconheceu que “esse é o maior e mais grave escândalo da história do PSOL.” Segundo ele, o partido vai apurar e agir com “rapidez”. “É duro ouvir de colegas, como Jaqueline Roriz (PMN/DF), que o PSOL está enlameado. O (Jair) Bolsonaro também está deitando e rolando, mas por viés ideológico”, desabafou Alencar. Até tu, PSOL?
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