Foto:Secom/PMCG
Nelson Nahim não deve, como a maioria dos que cercam Garotinho, sua carreira política ao irmão. Pelo contrário. Quem conhece os dois desde que eram, um, radialista revolucionário e outro, advogado bem comportado, sabe que a relação entre eles nunca foi marcada pela harmonia quando eram apenas “Bolinha” e “Nelson”. E muito menos de submissão, quando se tornaram figuras públicas.
O agora prefeito interino foi eleito quatro vezes para a Câmara Municipal e pode-se até admitir que tenha tirado uma lasquinha da popularidade e semelhança física com o irmão carismático, mas há quem diga que essa referência mais atrapalhou que ajudou. Nahim não tem perfil para “faz-tudo-o-que-o-mestre-mandar” e, por isso mesmo está aparentemente credenciado a reabrir um diálogo com a sociedade e fazer de seu mandato interino (que pode durar 4, 6 ou 10 meses) uma ponte de reconciliação da política com a cidadania. Pode estar em suas mãos a iniciativa de restaurar uma relação de respeito entre as instituições no lugar da arrogância que subjuga os que dos recursos públicos dependem para realização de suas finalidades.
Sem a influência de Garotinho, espera-se de Nelson Nahim a independência de quem sempre aspirou ser eleito para o cargo que agora lhe cai no colo, de graça, por causa de erros cometidos pelos punidos pela Justiça Eleitoral. Em 2008, Nahim disse a este blogueiro, numa conversa no Monitor Campista, que não disputaria mais uma eleição para o Legislativo e que tinha o projeto político de administrar cidade. Foi escolhida a cunhada e ele ficou com o prêmio de consolação: mais um mandato de vereador e a presidência da Câmara. Antes, em 2004, fora preterido em favor de Geraldo Pudim, francamente mais dócil aos desejos do chefe.
Sem o ranço autoritário que caracteriza o irmão mais novo e mais famoso, Nahim tem a vantagem, desperdiçada por Mocaiber, de chegar à prefeitura sem cabresto de padrinho e, por isso, a oportunidade de costurar uma aliança com a população e não com os financiadores de campanhas como vem acontecendo nos últimos 20 anos. Mais que isso: não vai ter compromisso com o projeto político-pessoal de Garotinho, que aliás, tem custado caro, muito caro ao povo de Campos.
Pelos indícios de independência (posso me enganar, é claro), Nahim não reúne as credenciais para se tornar o candidato do Garotismo numa esperada eleição suplementar, mesmo que superadas as dificuldades jurídicas que teria, como filiação partidária e parentesco cruzado com a prefeita cassada, por exemplo. O candidato favorito é Geraldo Pudim. A preterição antecipada dá a Nahim mais liberdade e mais compromisso para cumprir sua tarefa histórica.
Que o prefeito interino consiga resolver as pendências que dizem ter na esfera judicial e faça de sua interinidade um passo para o reencontro da cidade com sua vocação democrática, desenvolvimentista e humanista.
9 comentários:
mandou bem Ricardo,
todas suas palavras estão corretícimas, e para mim o ponto chave de sua explanação é para que ele costure uma aliança com o povo e não com os financiadores de campanha, é sem dívidas, a solução definitiva para acabar com o caus que Campos passa, isso não serve só para Nelson, e sim para todos que pretende se candidatar, caso contrário teremos várias cassações até que o povo e os políticos amadureçãm.
Lembro-me bem dessa conversa no Monitor. Estávamos eu, você e Jairo Maia, meu caro e, na ocasião, ele usou essa frase, que me lembro até hoje:
"Eu vou ser prefeito de Campos"
Acertou na mosca. Seria ele mais um clarividente, assim como Perinho?
Um abraço
Salve, salve, meu amigo querido, meu ex-aluno do qual me orgulho e muito!!
Excelente texto como muitos que você escreve! Que bálsamo ler o que você escreve! Lava a alma da gente!! Parabéns pela isenção, pelo equilíbrio, pela competência! Que Deus te guarde e proteja sempre e muito!!
Seu otimismo é incorrigível. Penso que você sonha, na verdade, é com a volta de Garotinho à Prefeitura de Campos.
Aliás, lanço aqui a campanha: Chega de intermediários, Garotinho para prefeito.
Acorda, cara!
Por mais que queira Nahim tá amarrado ao que vc chama de "Garotismo". Como ser diferente com Suledil, Joilza,Auxiliadora, Edson Batista e outros soldados do "Nero deposto"?
Ricardo,
Se o prefeito-clone não manteve tal diálogo quando esteve na Câmara, o que nos autoriza esperar que faça o mesmo na prefeitura?
Sinceramente, meu caro, embora fosse o desejável, creio ser impossível.
Um abraço.
É verdade, João, foi você quem fez a matéria. Estávamos voce, Nahim, Jairo e eu.
Um abraço, amigo.
Paulo R., esses financiadores de campanha, basicamente empreiteiros e outras empresas prestadoras de serviço às prefeituras estão contaminando a sociedade através de diversas instituições. São ao mesmo tempo objeto e sujeito na vida política. Alimentam os políticos e em troca sugam os cofres públicos para cobrar o que investiram. São a saúva do Brasil contemporâneo.
Douglas,nossa história recente lhe dá razão, mas às vezes me surge um fiapo de esperança...
um, abraço.
Cristina, um beijo, sua generosidade compensa os dissabores dos dias. Sua existência ameniza a "dor de viver".
Que vc tenha razão. Campos precisa de sobrevida!
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