Tristeza e revolta
Tristeza e revolta no velório do coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) de Campos, Cícero Guedes dos Santos, 47 anos. Vários amigos e familiares, além de autoridades estiveram presentes na cerimônia que aconteceu no Cemitério Campo da Paz. O sepultamento foi realizado no início da tarde. Cícero é o terceiro trabalhador a ser morto num assentamento. Ontem, a ministra da Secretaria dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, divulgou nota lamentando a morte do líder e critica a morosidade da Justiça, que, segundo ela, agravou a situação fundiária em Campos. Liderança do MST, presentes no velório realizaram uma manifestação pedindo urgência na elucidação do crime.
Cícero foi encontrado morto na manhã de ontem, numa estrada vicinal, próximo à Usina Cambaíba. Ele foi assassinado com vários tiros, que atingiram a cabeça e as costas.
De acordo com o filho de Cícero, Jucimar da Silva Guedes, de 24 anos, o pai estava em casa na manhã de sexta-feira quando recebeu uma ligação e horas depois saiu para Cambaíba tendo o último contato às 17h. “Bate tristeza e revolta. Quero que seja feita justiça. Meu pai estava há muitos anos na luta e comentava que se morresse iria morrer feliz”, afirma.
O assassinato do militante teve repercussão nacional e por isso autoridades estiveram presentes no enterro, entre elas o deputado estadual e o presidente da comissão dos direitos humanos da Alerj, Marcelo Freixo (PSOL), que acredita que o crime tenha sido uma execução e também acredita que possa ser uma questão política.
— Existe um suspeito, e foi claramente uma execução, pois todos os pertences da vítima permaneceram no local. A região é de muitos conflitos pela grande quantidade de terra. Acredito que tenha sido um crime político — ressaltou.
A coordenadora do MST no Rio de Janeiro, Marina Santos, também suspeita que a morte teria sido de execução. “É óbvio que foi mais um crime de latifúndio na região de Campos, onde sempre aconteceu esse tipo de atrocidade e ninguém nunca é punido. Desta vez, as autoridades têm que investigar”, afirma ela.
Marcelo Durão, diretor Nacional do MST, afirma estar chocado com o assassinato, pois além de ser um grande líder, era um amigo.
“Estamos compreendendo a situação como da mesma forma que aconteceu o assassinato do líder do Sindicato dos Trabalhadores de Cabo Frio, Sebastião Lan, em 1988.”, comentou muito triste.
A ex-vereadora Odisseia Carvalho também compareceu ao enterro e pediu justiça. “Era um homem trabalhador e sempre na luta dos direitos sociais. É uma perda irreparável e quero que seja investigado o caso para que os culpados sejam punidos”, disse.
Em comunicado, a Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro afirma que está, desde o primeiro momento, empenhada na investigação da morte do líder MST. O órgão afirma ainda que medidas cautelares estão sendo adotadas para esclarecer a autoria e a motivação do crime.
Ministra lamenta morte
A ministra da Secretaria dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, fez um pronunciamento, através de sua assessoria, sobre a morte do líder do MST. Ela se solidarizou com a família e critica a morosidade da Justiça, que, segundo ela, agravou a situação fundiária em Campos.
— A situação de disputa fundiária na região entre Campos dos Goytacazes e São João da Barra tem sido agravada pela morosidade na tramitação de processos judiciais que envolvem imóveis considerados improdutivos e, portanto, passíveis de desapropriação para a reforma agrária. O caso específico da ocupação liderada por Cícero é bastante ilustrativo: o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) havia determinado, há 14 anos, a desapropriação das fazendas que compõem a Usina Cambaíba. Mas só em agosto de 2012 a Justiça autorizou que a autarquia federal desse prosseguimento à desapropriação dos imóveis — afirmou a ministra, na nota.
Cerimônia marca revolta dos militantes
Antes do enterro os militantes do MST organizaram uma cerimônia, para relembrar a trajetória de Cícero Guedes dentro do movimento e para pedir empenho por parte das autoridades na apuração dos fatos e prisão dos autores e aproveitar a presença de autoridades para pedir a imediata desapropriação da Fazenda Cambaíba. O presidente Nacional do INCRA, Carlos Guedes, acrescenta que foram reservados 13,8 milhões para assentar 111 famílias e comenta que é lamentável não poder contar com um grande lutador na celebração da conquista.
— Há tempos estamos lutando para que a justiça conceda de fato a desapropriação das terras em Cambaíba e até agora nada e acabamos perdendo um líder que sempre esteve presente nos ajudando, é lamentável — disse Guedes.
Participaram ainda da cerimônia o delegado do Ministério do Desenvolvimento Agrário, José Otávio; O superintendente do Incra no Rio de Janeiro, Gustavo Noronha e o Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil -Seção Rio de Janeiro (OAB-RJ), Felipe Santa Cruz.
Jane Ribeiro
Tristeza e revolta no velório do coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) de Campos, Cícero Guedes dos Santos, 47 anos. Vários amigos e familiares, além de autoridades estiveram presentes na cerimônia que aconteceu no Cemitério Campo da Paz. O sepultamento foi realizado no início da tarde. Cícero é o terceiro trabalhador a ser morto num assentamento. Ontem, a ministra da Secretaria dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, divulgou nota lamentando a morte do líder e critica a morosidade da Justiça, que, segundo ela, agravou a situação fundiária em Campos. Liderança do MST, presentes no velório realizaram uma manifestação pedindo urgência na elucidação do crime.
Cícero foi encontrado morto na manhã de ontem, numa estrada vicinal, próximo à Usina Cambaíba. Ele foi assassinado com vários tiros, que atingiram a cabeça e as costas.
De acordo com o filho de Cícero, Jucimar da Silva Guedes, de 24 anos, o pai estava em casa na manhã de sexta-feira quando recebeu uma ligação e horas depois saiu para Cambaíba tendo o último contato às 17h. “Bate tristeza e revolta. Quero que seja feita justiça. Meu pai estava há muitos anos na luta e comentava que se morresse iria morrer feliz”, afirma.
O assassinato do militante teve repercussão nacional e por isso autoridades estiveram presentes no enterro, entre elas o deputado estadual e o presidente da comissão dos direitos humanos da Alerj, Marcelo Freixo (PSOL), que acredita que o crime tenha sido uma execução e também acredita que possa ser uma questão política.
— Existe um suspeito, e foi claramente uma execução, pois todos os pertences da vítima permaneceram no local. A região é de muitos conflitos pela grande quantidade de terra. Acredito que tenha sido um crime político — ressaltou.
A coordenadora do MST no Rio de Janeiro, Marina Santos, também suspeita que a morte teria sido de execução. “É óbvio que foi mais um crime de latifúndio na região de Campos, onde sempre aconteceu esse tipo de atrocidade e ninguém nunca é punido. Desta vez, as autoridades têm que investigar”, afirma ela.
Marcelo Durão, diretor Nacional do MST, afirma estar chocado com o assassinato, pois além de ser um grande líder, era um amigo.
“Estamos compreendendo a situação como da mesma forma que aconteceu o assassinato do líder do Sindicato dos Trabalhadores de Cabo Frio, Sebastião Lan, em 1988.”, comentou muito triste.
A ex-vereadora Odisseia Carvalho também compareceu ao enterro e pediu justiça. “Era um homem trabalhador e sempre na luta dos direitos sociais. É uma perda irreparável e quero que seja investigado o caso para que os culpados sejam punidos”, disse.
Em comunicado, a Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro afirma que está, desde o primeiro momento, empenhada na investigação da morte do líder MST. O órgão afirma ainda que medidas cautelares estão sendo adotadas para esclarecer a autoria e a motivação do crime.
Ministra lamenta morte
A ministra da Secretaria dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, fez um pronunciamento, através de sua assessoria, sobre a morte do líder do MST. Ela se solidarizou com a família e critica a morosidade da Justiça, que, segundo ela, agravou a situação fundiária em Campos.
— A situação de disputa fundiária na região entre Campos dos Goytacazes e São João da Barra tem sido agravada pela morosidade na tramitação de processos judiciais que envolvem imóveis considerados improdutivos e, portanto, passíveis de desapropriação para a reforma agrária. O caso específico da ocupação liderada por Cícero é bastante ilustrativo: o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) havia determinado, há 14 anos, a desapropriação das fazendas que compõem a Usina Cambaíba. Mas só em agosto de 2012 a Justiça autorizou que a autarquia federal desse prosseguimento à desapropriação dos imóveis — afirmou a ministra, na nota.
Cerimônia marca revolta dos militantes
Antes do enterro os militantes do MST organizaram uma cerimônia, para relembrar a trajetória de Cícero Guedes dentro do movimento e para pedir empenho por parte das autoridades na apuração dos fatos e prisão dos autores e aproveitar a presença de autoridades para pedir a imediata desapropriação da Fazenda Cambaíba. O presidente Nacional do INCRA, Carlos Guedes, acrescenta que foram reservados 13,8 milhões para assentar 111 famílias e comenta que é lamentável não poder contar com um grande lutador na celebração da conquista.
— Há tempos estamos lutando para que a justiça conceda de fato a desapropriação das terras em Cambaíba e até agora nada e acabamos perdendo um líder que sempre esteve presente nos ajudando, é lamentável — disse Guedes.
Participaram ainda da cerimônia o delegado do Ministério do Desenvolvimento Agrário, José Otávio; O superintendente do Incra no Rio de Janeiro, Gustavo Noronha e o Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil -Seção Rio de Janeiro (OAB-RJ), Felipe Santa Cruz.
Jane Ribeiro
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