segunda-feira, 2 de junho de 2014

TEATRO DE BOLSO APELA À ROSINHA PARA NÃO TER O MESMO DESTINO DO MUSEU QUE PERDEU O TETO

Foto de dezembro de 2010, antes de ser fechado para mais uma reforma.
Do escritor Adriano Moura, publicado no Facebook e replicado no Blog na Curva do Rio, de de Suzy Monteiro (aqui):

Carta do Teatro de Bolso à Prefeita Rosinha,
Dona Rosinha, não sei se a senhora ainda lembra de mim. Sou o Teatro de Bolso, local onde a senhora e teu marido pisaram muitas vezes. Sou o irmão mais velho, porém mais pobre do teu preferido, o Trianon. Estou te escrevendo esta carta, pois não aguento mais minha orfandade. Prometeram uma reforma para mim que até hoje não aconteceu. Não sinto nenhum pedreiro a martelar-me os ossos, nem cimento e madeira a sedimentar o chão e as paredes do meu peito. Os senhores grisalhos que te assessoram na cultura dizem que não tem público, que não tem demanda, mas vejo meus irmão de criação SESC e SESI com peças teatrais quase todo fim de semana e morro de inveja deles. Dois amigos teus das “antigas” disseram certa vez que quando estivessem no poder me devolveriam para os artistas. Lá se vão cinco anos…ou mais. Queria voltar a ter minha fachada com propaganda de espetáculos, queria que os artistas da cidade me tivessem para ensaios e apresentações ao longo do ano. Sinto que 2014 passará sem que nenhuma peça se acenda sob a luz de meus refletores. A minha pergunta é uma só: por que não estão me reformando como prometeram? Os gestores da cultura ignoram o que se passa além das paredes dos gabinetes e da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima. Saem por aí falando do que não conhecem. São incapazes de prestigiar qualquer espetáculo que não seja de “fora” ou organizado por eles. Esse péssimo vício provinciano de autoestima baixa. Que fiquem em seus gabinetes então. Eu só queria não ficar mais tão solitário. Todo final de semana tomo tarja preta para dormir. Olho o Paraíba à minha frente e tenho inveja dele também, pois mesmo poluído, cumpre sua função de rio. Eu tenho perdido as esperanças de cumprir meu papel de teatro. Se a senhora ainda guarda boas lembranças de teu tempo de palco, não deixe que meu teto desabe como ocorreu com aquele museu da Rua do Gás. Aguardo ansioso por minha reforma. Dê lembrança a todos de tua família.
Teatro de Bolso Procópio Ferreira

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