domingo, 2 de setembro de 2007

José do Patrocínio




Está no O Globo de hoje, página 22:

“ O primeiro carro a desembarcar no Rio foi um modelo francês, De Dion-Bouton, movido a vapor, importado por José do Patrocínio em 1897. Foi esse carro também o protagonista do primeiro acidente automobilístico da história da cidade, dois anos depois. Dirigido por Olavo Bilac, o veículo bateu numa árvore, no Alto da Boa Vista, sem ferir ninguém”.

Sobre o mesmo assunto, Ruy Castro descreve o acidente em seu livro “Bilac vê as estrelas”, um romance que mescla fatos reais com ficção. (Bilac vê as estrelas, Companhia das Letras, 2000, páginas 14 e 15):

“ Era o primeiro automóvel do Rio – um Peugeot preto que saltava os traques mais explosivos e constrangedores. Desembaraçado no Cais do Porto, Patrocínio girou a manivela e entrou nele, de quepe e guarda-pó, sob os aplausos da multidão...
(...) Dias depois convidou Olavo Bilac para dar uma volta. E este, peralta como ele só, também quis dirigir a geringonça.
O próprio Patrocínio mal sabia fazer o carro andar em linha reta, mas achava-se com ciência para instruir Bilac. Os dois passaram por cima um do outro no assento e trocaram de lugar. Patrocínio mostrou-lhe como dar a partida e Bilac, sem controle dos pés e das mãos, pisou na tábua até o fundo, com o ímpeto de quem esmaga uma lacraia. O carro soltou dois ou três puns ribombantes, disparou em ziquezaque pela até então pacata ruela suburbana e, cem metros depois, achatou-se contra a única arvore à vista. Nenhum dos dois se machucou. Só o carro levou a breca”.

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