O senador Pedro Simon (PMDB-RS) disse hoje, segundo a coluna de Ricardo Noblat, hoje O Globo, que "Sarney não nasceu com aquilo virado para a lua, mas com a lua dentro daquilo".
Aos 78 anos, o senador e ex-presidente da República é mesmo um homem de sorte. Jovem deputado se destacou no governo Juscelino Kubitscheck como deputado integrante da ala jovem da UDN; com o golpe militar se filiou à Arena, o partida da ditadura e vissejou à sombra dos militares. Com a extinção da Arena foi presidir o novo partido dos militares, o PDS.
No ocaso dos anos de chumbo Sarney era presidente nacional do PDS, mas pulou do barco da hora certa, liderou a dissidência e foi escolhido candidato à vice-presidente na chapa de Tancredo Neves. Com a doença de Tancredo e morte antes da posse, José Sarney assumiu o cargo por cinco anos.
Ao fim de um governo medíocre, marcado por denúncias de corrupção e taxas estratosféricas de inflação, foi eleito senador pelo Amapá, mesmo sendo do Maranhão (coisas do Brasil!) e logo depois presidente do Senado. José Sarney é uma das últimas raposas felpudas da política brasileira.
Agora, em mais uma demonstração de que o governo Lula é refém do PMDB, impôs sua candidatura quebrando uma tradição do rodízio dos dois maiores partidos do Congresso cada um dirigir uma Casa.
Com Sarney no Senado e Michel Temer na Câmara, o governo Lula depende, cada vez mais do velho e fisiológico PMDB.