Segue o desafio...
Pau-de-arara (1931-1952)
(Página 19 - capítulo 2 - livro: "O Sapo e o Príncipe", de Paulo Markun, Ed. Objetiva
"Quando sentiu de novo aquela dor, Eurídice Ferreira de Melo, a dona Lindu, 30 anos, mandou seu cunhado buscar a parteira em Caetés. José era bem magro, e a dona, muito gorda. Os dois caíram do cavalo algumas vezes e, por pouco, a viagem não foi em vão, lembra o cunhado de Lundu:
— Quando chegamos, o menino já foi nascendo. Depois mamou como um bezerro.
A casa era uma meia-água, com quarto, sala, cozinha, e uma légua — cerca de seis quilômetros — de Caetés e a três léguas de Garanhuns, no planalto de Borborema, interior de Pernambuco. Cimento só no piso da sala; no mais, chão batido. Os móveis eram poucos: mesa de comer ladeada por banco e tamboretes de madeira, várias redes e uma cama de casal.
Como outras propriedades rurais do agreste pernambucano, o pequeno sítio não tinha luz elétrica. O fogão era a lenha, e a água — amarela, escassa, salobra e cheia de sapinhos — vinha de um buraco cavado no chão. Lavar roupas, só no riacho Fundo, distante quase duas horas a pé. Banho, um por semana.
Se o céu ajudava, a batata, a mandioca. o milho, o feijão e as frutas garantiam o sustento da família. Mas, no tempo da seca, quase não havia o que comer. Por sorte, em 1945 não faltou chuva, nem comida na mesa dos Silva. Mas naquele sábado, 27 de outubro, havia uma sombra a mais no rosto de poucos sorrisos de dona Lindu. (...)
O desafio segue para:
Luciano Aquino (Blog Geral)
Gervásio Neto (Sociedade Blog)
Fábio Siqueira (Comentários do Cotidiano)