quarta-feira, 28 de novembro de 2012

HÉLIO COELHO É O NOVO PRESIDENTE DA ACL

Hélio Coelho entre os imortais Fernando da Silveira, Gilda Wagner, Heberson Freitas, Heloisa Crespo, Levi Quaresma, Silvia Paes,Elmar martins e Vilmar Rangel

O professor Hélio de Freitas Coelho foi eleito ontem novo presidente da Academia Campista de Letras (ACL). A posse está marcada para 17 de dezembro.

STF "ALIVIA" PARA ROBERTO JEFFERSON, CONDENADO A SETE ANOS. PENA SERÁ CUMPRIDA EM REGIME SEMIABERTO

O Supremo Tribunal Federal (STF) definiu agorahá pouco a pena do ex-deputado Roberto Jefferson, atual presidente do PTB e delator do esquema do mensalão. Ele foi condenado por lavagem de dinheiro e corrupção passiva. A pena ficou estabelecida em 7 anos e 14 dias, além de multa de R$ 720,8 mil, em valores que ainda serão corrigidos pela inflação desde 2003.
Jefferson deve cumprir pena em regime semiaberto, quando o réu pode deixar o presídio para trabalhar. Ele obteve o benefício em razão da redução de um terço na pena pela "colaboração voluntária" com as investigações. Sem a redução, a pena seria de 10 anos, 6 meses e 10 dias em regime fechado, quando o réu fica em presídio de segurança média e máxima.
Pelo Código Penal, penas entre 4 e 8 anos são cumpridas em regime semiaberto, em colônia agrícola ou industrial. Pelo entendimento dos tribunais, se não houver vagas em estabelecimentos de regime semiaberto, o condenado pode ir para o regime aberto (no qual o réu dorme em albergues). Se ainda assim não houver vagas disponíveis, pode ser concedida a liberdade condicional. (matéria completa aqui no G1)




PARA LEMBRAR REVEJA ACIMA O DEPOIMENTO DE JOSÉ DIRCEU NA CPI DOS CORREIOS, QUANDO ROBERTO JEFFERSON PROFERIU A HISTÓRICA FRASE PARA DIRCEU: " VOSSA EXCELÊNCIA DESPERTA EM MIM OS INSTINTOS MAIS PRIMITIVOS".

Em depoimento à CPI do Mensalão no dia 4 de agosto de 2005, o então deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ), autor das denúncias que levaram à criação da CPI para investigar um esquema irregular de pagamentos de "mesadas" a parlamentares da base de apoio do governo, joga farpas contra José Dirceu (PT).

NESTA QUARTA-FEIRA NA BIENAL DO LIVRO

Café Literário

14h- Pedro Bandeira
 "Ler e escrever na construção da cidadania plena " - Uma conversa com professores" 

16:30-A obediência é uma teoria - Uma conversa com Pedro Bandeira 

18h-Italo Moriconi        
Rogério Pereira 
mediação:Arlete Sendra 
-Crítica literária hoje: sua força, seus fracassos 

Botequim Literário 

20h-Regina Navarro Lins        
Dr. Luiz Cuschnir 
mediação:Luciane Mina -
Trair e coçar é só começar?? 

Espaço Jovem 
15h-MV Bill        
Rappin Hood 
Mediação: Victor Lebron 
Rap nacional - limites e deslimites 

Caverna

 10:30-Cinelivro Num mundo perfeito com Léo Cunha 
13:30-Viagens Na imagem com Marilia Pirillo 
15:30-Cinelivro Chapeuzinhos Coloridos com José Roberto Torero 

Lançamento de livros 

18h-Sessão de autógrafos-Pedro Bandeira 
Local:Editora Moderna 

Espaço Espetáculo 
10:30 e 15h-Teatro de bonecos-Grupo Ferraioli 
18:00-Contando histórias do mar-Grupo Fragmentos 
21h-Canto e conto Luiz Gonzaga Trio Forró Didoidohospedagem site grátis

terça-feira, 27 de novembro de 2012

WESLEY MACHADO LANÇA LIVRO DAQUI A POUCO NA BIENAL



O jornalista alvinegro Wesley Machado, lança daqui a pouco às 19 horas, seu  livro, "Saudosas Pelejas - A História Centenária do Campos Athletic Association". O evento vai acontecer no Espaço Jorge Amado, da 7ª Bienal do Livro de Campos, no Centro de Eventos Populares Osório Peixoto (Cepop). "Saudosas Pelejas" conta as histórias da fundação do clube em 1912 por negros e mulheres; dos cinco títulos citadinos do C.A.A., nos anos de 1918, 1924, 1932, 1956 e 1976; e o amistoso contra o Palmeiras em 1974, entre outras histórias curiosas, como o jogo dos três gols contras. 
O prefácio é de Péris Ribeiro. hospedagem de sites terra

NESTA TERÇA-FEIRA. NA BIENAL DO LIVRO

Café literário: 

18h - José Miguel Wisnik 
mediação:Raquel Fernandes
 Palavra Canção 

Botequim Literário: 

20h-Bob Faria        
Eraldo Leite       
Marcos Eduardo Neves 
mediação:Péris Ribeiro 
A Copa do mundo é aqui! 

Espaço Jovem: 
10 h-Daniel Munduruku 
Mediação: Prof. Ronaldo Novelli 
Códogo Florestal 

Caverna: 

10:30-Cinelivro Esses livros dentro da gente com Stella Maris Rezende 
13:30-Oficina de Kiriê com Nireuda Longobardi 
15:30-Cinelivro com Daniel Munduruku 

Lançamento de livros: 
19h-Saudosas Pelejas- A história centenária do Campos Athetic Association 
Wesley Barbosa Machado 
Local:Vozes 


Espaço Espetáculo: 

19h-O Habitat - Grupo Reciclarte 
21h-Túnel do Tempo - Cláudio Sedanohospedagem de sites terra

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

ROYALTIES: POR QUE NÃO SE PREPARAM PARA O INEVITÁVEL?

A possibilidade de os estados e municípios produtores de petróleo perderem boa parte dos royalties é real desde 2010, a partir da aprovação da chamada emenda Ibsen Pinheiro. De lá para cá, enquanto os deputados, senadores, Lula e Dilma "empurravam a situação com a barriga", não sancionando e nem vetando, prefeitos e governadores continuaram torrando os recursos "como se não houvesse amanhã".
No dia 23 de setembro de 2011, por ocasião de uma manifestação feita em Campos em favor da manutenção das atuais regras de distribuição dos royalties postei o texto abaixo que republico por entender
que nada mudou. Muito ao contrário por causa do ano eleitoral, neste 2012, a irresponsabilidade com os gastos foi ainda mais aviltante. (publicação original aqui).


SEXTA-FEIRA, 23 DE SETEMBRO DE 2011

Poderia ter sido diferente

A primeira mobilização pelo pagamento de royalties sobre a exploração de petróleo na costa do Norte Fluminense (na recém batizada Bacia de Campos),foi numa tarde no final dos anos 70. A data exata não me lembro, mas ficou na memória a imagem de uma multidão que se aglomerou na praça do Santíssimo Salvador para ouvir os oradores capitaneados pelo prefeito de então, Raul Linhares, que ocuparam as sacadas do Solar do Barão de Araruama, que era a sede da Biblioteca e Câmara Municipal. Eu, estudante do Liceu, estava lá. Nascia ali uma luta pelo que seria era uma indenização (royalties, em inglês) pelo ouro negro descoberto há pouco tempo no litoral da região.
Alguns anos depois, precisamente em 27/12/1985, eu também estava lá. Desta vez como repórter do jornal A Notícia, para a cobertura do ato de assinatura da Lei dos Royalties (uma palavra estranha, desconhecida da maioria dos campistas e ainda grafada entre aspas pela imprensa local, ciosa em proteger a língua pátria dos estrangeirismos). Novato na profissão, a mim caberia a parte mais simples da cobertura: enquete com o povo e lideranças empresariais e políticas, enquanto o jornalista mais experiente e titular da Editoria de Política/Economia do jornal, Maurício Guilherme, ficaria com a cobertura do palanque, onde estavam o presidente da República, José Sarney, o governador Leonel Brizola, o senador e autor da lei, Nelson Carneiro, o prefeito Zezé Barbosa e outros políticos. Mas Maurício amanheceu doente e ao jovem repórter coube a cobertura toda, publicada em página inteira no dia seguinte.
Antes disso, na campanha pró-royalties, onde se sobressaíram Raul Linhares, os vereadores Roberto Ribeiro, Benedito Marques e Hermeny Coutinho, além do empresário e presidente da ACIC, Paulo Viana, eu já era um apaixonado pelo assunto e acompanhei os principais passos da luta pelos royalties. O dinheiro começou a ser repassado, já no ano seguinte e, a partir de então, sempre procurei saber os valores para divulgar, aliás, o que faço, obsessivamente, até hoje. Achava e acho que era e é imprescindível que o cidadão/eleitor saiba quanto a Prefeitura recebe para cobrar sua aplicação mais condizente com as necessidades da população.
Nos primeiros anos os valores eram quase irrisórios e foi aumentando na proporção das descobertas de novas jazidas e crescimento da produção.  A partir de 1997, com a quebra do monopólio da Petrobras e início do pagamento das chamadas Participações Especiais, os recursos dos royalties passaram a representar entre 60 e 70% das receitas  municipais. É quando aparecem os primeiros sinais claros de desperdício, desvios de finalidade e outras aplicações menos nobres dos recursos. Recursos que sempre se soube finitos.
À medida que jorravam recursos, abundavam devaneios, gastos suspeitos, desperdício irresponsável. No governo Arnaldo Vianna, por exemplo, foram gastos milhões para fazer da então bela e bucólica Praça do Santíssimo Salvador, um enorme e caro vazio de mármore. Sem falar nos shows milionários. Era tanto desmando, que o presidente da Agência Nacional do Petróleo, Haroldo Lima, chegou a dizer que “dinheiro dos royalties não era para pagar trio elétrico”. De Mocaiber, não restou nem monumentos de sua passagem nefasta pelo governo municipal.
 Os gastos irresponsáveis de cada vez mais dinheiro despertou a compreensível inveja de estados e municípios que, mesmo sem produzir uma gota de óleo ou metro cúbico de gás e nem sediar instalações exploratórias, se mobilizaram para participar do rateio, principalmente depois da descoberta das províncias gigantescas na camada chamada de pré-sal.
Da inveja ao projeto de lei foi um pulo. Daí a estimular deputados e senadores dos estados não produtores foi mais rápido ainda e foi aprovada, na Câmara e confirmada no Senado, uma lei que distribui para todo o Brasil os recursos dos royalties. O então presidente Lula vetou a lei e o veto vai ser apreciado em sessão conjunta do Congresso Nacional no próximo dia cinco de outubro. Com ou sem manifestação em Campos, Vitória ou na Conchichina, os deputados e senadores vão derrubar o veto e pelo simples motivo que, manter a legislação atual só interessa aos estados do Rio e Espírito Santo. Menos de 100 deputados e seis senadores contra o restante.
Resta questionar a nova lei no Supremo Tribunal Federal (STF), mas a única certeza nesta história é que os estados e municípios produtores vão perder recursos a partir de 2012. Embolsar R$ 1,2 bilhão como a Prefeitura de Campos fez em 2008 e deve repetir o feito este ano, nunca mais.
A luta, então, é para perder menos. Mas o atual governo municipal, mesmo diante da lei aprovada, manteve sua gastança desenfreada com contratações milionárias de empresas prestadoras de serviço, terceirizações suspeitas e obras cuja prioridade é, no mínimo, discutível. Ora, se desde o ano passado pesa sobre as nossas cabeças uma lei já aprovada, porém vetada e de antemão todos sabemos que o veto seria derrubado, por que a administração não se preparou para o baque iminente e continuou a farra como se não houvesse amanhã? Lembra a família imperial dançando na Ilha Fiscal enquanto um golpe militar instalava a República, em 1889.
A estrutura de pessoal da Prefeitura de Campos é enorme. São 41 cargos com status de secretaria (DAS-1) e cerca de outros 800 em funções de livre nomeação/exoneração e milhares de terceirizados. A Câmara, com 17 vereadores, vai chegar a 25 no ano que vem, ou seja, no limite previsto pela lei. Na mesma semana em que autoridades municipais anunciam o fim do mundo com a redução dos royalties, os vereadores aprovam, por unanimidade, a entrada de mais oito colegas a partir das eleições de 2012. Por certo é saudável aumentar a representação popular, mas o momento é adequado?
Diante da possibilidade real de perda de receita substantiva, a prefeita Rosinha ameaça com o fim da passagem a R$ 1,00, dos convênios com hospitais filantrópicos e entidades conveniadas, paralisação de obras das casas populares, demissão de terceirizados e o fim dos atendimentos na área de saúde, nas escolas e creches. Resumo: o fim do mundo será mesmo em 2012. Mas, mesmo diante de um futuro de terra arrasada, a mesma prefeita, ou seu marido-tutor, fala em lançamento, em novembro, de novo pacote de obras no valor de R$ 500 milhões. Ora, se o pacote será lançado em novembro, as obras serão feitas e pagas em 2012, ano em que as verbas minguariam ou minguarão. Ou ainda não estão levando a sério?
Se estivessem levando a sério teriam se precavido, reduzido o tamanho da máquina gigantesca, seriam mais cuidadosos com a contratação de obras e serviços, com os preços dos produtos essenciais ao custeio da máquina. Mas não. Enquanto jorra das torneiras da ANP o dinheiro fácil, gasta-se como o filho pródigo da passagem bíblica.
Pensando bem, não será de todo ruim ter uma arrecadação mais modesta. É claro que ninguém em sã consciência deseja uma redução drástica e nem paralisação de serviços para uma população que continua pobre a despeito da cidade ser uma das vinte mais ricas do país. No entanto, menos dinheiro no caixa vai obrigar os administradores a serem mais criativos, menos esbanjadores, além de afastar os abutres que confundem o público e o privado como se a administração fosse de bens próprios e não de todos. Sem falar nos gulosos empreiteiros, quase sempre sócios nos malfeitos.
Bem, aos que conseguiram ler até aqui esse depoimento pessoal, agradeço e torço para que, no final das contas, consigamos extrair conseqüências benéficas da crise inevitável, porque afinal, nem tudo foi bandalha nesses 26 anos de royalties na economia local. Sem esses recursos, dificilmente teríamos um hospital como o Ferreira Machado que, apesar de seus problemas, é o principal esteio regional na área de Saúde, sem falar no Hospital Geral de Guarus (HGG); o Trianon continuaria sendo uma quimera sem os royalties e o município não teria uma razoável rede de escolas, postos de saúde e creches...
Mas encerro imaginando como seria se, nessas duas décadas e meia de bonança, o município  tivesse sido administrado por governantes  responsáveis, honestos e cercados de gente igualmente séria e preparada. Certamente o fim do mundo que se anuncia para 2012 não seria tão ruim como parece que será.
OS.: Daqui a algumas horas, população e líderes comunitários e políticos vão se reunir, de novo na Praça do Santíssimo Salvador, para um ato público em defesa dos royalties. Sei que ninguém vai perceber e nem sentir falta, mas este blogueiro não vai estar presente.
 

NESTA SEGUNDA-FEIRA NA BIENAL



Café Literário: 

18h- Joel Rufino dos Santos 
        Ninfa Parreiras 
mediação:Leonardo de Vasconcelos Silva
- Trocas culturais Brasil/África 


Botequim Literário: 

20h- Pedro de Artagão 
        Rodolfo Garcia 
        mediação:Carlinhos Cunha 
- Vinhos e gastronomia:quando comer também é um ato de inteligência. 


Espaço Jovem: 

10h-Jairo Bouer 
       Ellen Filgueiras Fontes 
       mediação:Dr. Nélio Artiles 
-Drogas...é possível sair? 



Caverna: 

10:30-Cinelivro:"O livro do lobisomem" com Fábio Sgrol 
13:30- Oficina de Xilografia com Nireuda Longobardi 
15:30- Performance de ilustração com Fábio Sgrol 


Espaço Espetáculo: 

19h- O invencioneiro e suas criaturas
local:Departamento de Literatura- FCJOL 
21h- MPB França- França Motta

JOÃO CARLOS MARTINS NESTA SEGUNDA-FEIRA NO RODA VIVA


O maestro João Carlos Martins ocupará o centro do Roda Viva nesta segunda-feira (26/11). O programa, apresentado por Mario Sergio Conti, vai ao ar a partir das 22h, ao vivo, na TV Cultura. Martins é conhecido por sua história pessoal marcada por lutas e superações, decorrentes da perda do movimento de ambas as mãos depois de uma série de acidentes e complicações de saúde que o impediam de continuar com sua grande paixão - tocar piano.
Em 2003, aos 63 anos,  se despediu do instrumento. Desorientado por um período, decidiu dar uma virada na vida e ser maestro, profissão que o consagrou internacionalmente. Em abril deste ano, se submeteu a uma bem-sucedida cirurgia para recuperar os movimentos da mão esquerda. Ele teve eletrodos implantados no cérebro, para restabelecer a coordenação entre o cérebro e os nervos da mão. 
Atualmente, João Carlos Martins é regente da Orquestra Filarmônica Bachiana Sesi-SP. O maestro também realiza um projeto de popularização da música clássica e de inclusão social através da formação musical de jovens carentes.
Texto na íntegra aqui.

MARCELINO FREIRE EMOCIONA PLATÉIA NA BIENAL







 Marcelino Freire, reconhecido como um dos mais ativos escritores contemporâneos, participou ontem da 7ª Bienal do Livro de Campos dos Goytacazes.
Pernambucano de Setânia e que mora há 21 anos em São Paulo, Marcelino é inclusive vencedor de um prêmio Jabuti, o mais importante da Literatura Brasileira. Seus contos são marcados pela contundência e ritmo. 
Ele leu ontem, para uma platéia emocionada um de seus mais conhecidos contos: Muribeca (nome do bairro onde existe (ia) um lixão na periferia de Recife. 
Abaixo, o conto, que é lido por uma personagem feminina:

Muribeca (Conto de Marcelino Freire)

Lixo? Lixo serve pra tudo. A gente encontra a mobília da casa, cadeira pra pôr uns pregos e ajeitar, sentar. Lixo pra poder ter sofá, costurado, cama, colchão. Até televisão. É a vida da gente o lixão. E por que é que agora querem tirar ele da gente? O que é que eu vou dizer pras crianças? Que não tem mais brinquedo? Que acabou o calçado? Que não tem mais história, livro, desenho? E o meu marido, o que vai fazer? Nada? Como ele vai viver sem as garrafas, sem as latas, sem as caixas? Vai perambular pela rua, roubar pra comer?E o que eu vou cozinhar agora? Onde vou procurar tomate, alho, cebola? Com que dinheiro vou fazer sopa, vou fazer caldo, vou inventar farofa? Fale, fale. Explique o que é que a gente vai fazer da vida? O que a gente vai fazer da vida? Não pense que é fácil. Nem remédio pra dor de cabeça eu tenho. Como vou me curar quando me der uma dor no estômago, uma coceira, uma caganeira? Vá, me fale, me diga, me aconselhe. Onde vou encontrar tanto remédio bom? E esparadrapo e band-aid e seringa? O povo do governo devia pensar três vezes antes de fazer isso com chefe de família. Vai ver que eles tão de olho nessa merda aqui. Nesse terreno. Vai ver que eles perderam alguma coisa. É. Se perderam, a gente acha. A gente cata. A gente encontra. Até bilhete de loteria, lembro, teve gente que achou. Vai ver que é isso, coisa da Caixa Econômica. Vai ver que é isso, descobriram que lixo dá lucro, que pode dar sorte, que é luxo, que lixo tem valor. Por exemplo, onde a gente vai morar, é? Onde a gente vai morar? Aqueles barracos, tudo ali em volta do lixão, quem é que vai levantar? Você, o governador? Não. Esse negócio de prometer casa que a gente não pode pagar é balela, é conversa pra boi morto. Eles jogam a gente é num esgoto. Pr'onde vão os coitados desses urubus? A cachorra, o cachorro? Isso tudo aqui é uma festa. Os meninos, as meninas naquele alvoroço, pulando em cima de arroz, feijão. Ajudando a escolher. A gente já conhece o que é bom de longe, só pela cara do caminhão. Tem uns que vêm direto de supermercado, açougue. Que dia na vida a gente vai conseguir carne tão barato? Bisteca, filé, chã-de-dentro - o moço tá servido? A moça?Os motoristas já conhecem a gente. Têm uns que até guardam com eles a melhor parte. É coisa muito boa, desperdiçada. Tanto povo que compra o que não gasta - roupa nova, véu, grinalda. Minha filha já vestiu um vestido de noiva, até a aliança a gente encontrou aqui, num corpo. É. Vem parar muito bicho morto. Muito homem, muito criminoso. A gente já tá acostumado. Até o camburão da polícia deixa seu lixo aqui, depositado. Balas, revólver 38. A gente não tem medo, moço. A gente é só ficar calado. Agora, o que deu na cabeça desse povo? A gente nunca deu trabalho. A gente não quer nada deles que não esteja aqui jogado, rasgado, atirado. A gente não quer outra coisa senão esse lixão pra viver. Esse lixão para morrer, ser enterrado. Pra criar os nossos filhos, ensinar o nosso ofício, dar de comer. Pra continuar na graça de Nosso Senhor Jesus Cristo. Não faltar brinquedo, comida, trabalho. Não, eles nunca vão tirar a gente deste lixão. Tenho fé em Deus, com a ajuda de Deus eles nunca vão tirar a gente deste lixo. Eles dissem que sim, que vão. Mas não acredito. Eles nunca vão conseguir tirar a gente deste paraíso.

"Muribeca" é um dos contos do livro "Angu de Sangue", publicado pela Ateliê Editorial no ano 2000.

domingo, 25 de novembro de 2012

NOME DE JOAQUIM BARBOSA PARA O STF FOI SUGESTÃO DE FREI BETTO



O nome de Joaquim Barbosa para integrar o Supremo Tribunal Federal (STF) em 2003 foi sugerido ao  presidente Lula pelo então assessor especial da Presidência da República, Carlos Alberto Libânio Christo, ou simplesmente Frei Betto.
A revelação foi feita agora há pouco pelo jornalista Lucas Mendes, apresentador do programa Manhattan Connection, na Globo News. Segundo Lucas, Betto conheceu Joaquim Barbosa por acaso, enquanto aguardava um vôo num aeroporto e ficou impressionado com o currículo e, quando Lula tinha quatro vagas para preencher no STF logo no primeiro ano de governo e queria ocupá-las com uma mulher, um paulista, um nordestino e um negro, Betto apresentou o nome de Barbosa.
Aliás, Frei Betto tem encontro agendado na próxima quinta-feira, dia 29, em Campos para participar da Bienal do Livro, especificamente de uma mesa redonda sobre religião e religiosidade.

VERÍSSIMO RESPONDE A TRATAMENTO E SEDAÇÃO É SUSPENSA

Boletim do Hospital Moinhos de Vento foi divulgado agora há pouco, às 11h.

Do Zero Hora (aqui)

Após exames apontarem apenas a presença do da influeza A, do tipo sazonal - a chamada gripe comum - no organismo de Luis Fernando Verissimo, 76 anos, a equipe médica suspendeu a sedação do escritor.

Internado no hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre, desde quarta-feira, Verissimo segue utilizando ventilação mecânica, mas apresenta respostas positivas ao tratamento adotado. O último boletim foi divulgado as 11h.

Embora venha apresentando melhoras, por permanecer no Centro de Tratamento Intensivo (CTI), o estado de saúde do jornalista ainda é considerado grave.
Leia o boletim na íntegra:
"O paciente Luis Fernando Veríssimo continua com melhora progressiva do seu estado de saúde. Na manhã de hoje, 25/11, foi a suspensa a sedação com o objetivo de retirar o suporte respiratório. Como já foi divulgado anteriormente, os exames documentaram somente a presença do vírus da Influenza sazonal. A evolução do quadro clínico até o momento demonstra que o processo infeccioso inicial determinou diversas complicações em função das condições de saúde prévias do paciente."

CAETANO VELOSO EM DEFESA DOS ROYALTIES PARA RJ E ES


O GLOBO, 25/11/12 PÁG.2 -SEGUNDO CADERNO

Caetano Veloso
Caetano Veloso

O petróleo é nosso

Se havia um preto de quem Monteiro Lobato gostava (além de Tia Nastácia, apesar das acusações não infundadas de racismo encontradiço na linguagem de seus livros), esse preto era o petróleo

Com a cabeça mais perto do lugar onde vivo. Amanhã, segunda-feira, pessoas do Rio se manifestarão publicamente para protestar contra a chamada lei Ibsen. O projeto de lei que afinal pune o Rio por ser, seguido do Espírito Santo, o principal produtor de petróleo do país, é uma peça de demagogia igualitarista que desrespeita decisões já sacramentadas e fere a constituição de 1988. Viajo a trabalho para São Paulo e só por isso não estarei fisicamente presente ao encontro.
Se havia um preto de quem Monteiro Lobato gostava (além de Tia Nastácia, apesar das acusações não infundadas de racismo encontradiço na linguagem de seus livros), esse preto era o petróleo. É um tema forte da minha infância o brado “o petróleo é nosso”. Meu pai dizia que técnicos americanos tinham vindo estudar o subsolo brasileiro e concluído que aqui não havia petróleo. Lobato, entre outros, inclusive meu pai (e toda a esquerda nacionalista e anti-imperialista), liberava a paranoia e afirmava que a conclusão dos técnicos era interessada e que os poderosos do mundo estavam guardando o petróleo brasileiro para si e para o futuro. O futuro nos disse que, afinal, o Brasil tinha, sim, petróleo. Mas não era muito. Paulo Francis adorava dizer que era menos do que de fato era. Depois o Brasil roçou a autossuficiência. E não faz muito descobriu-se que há muitíssimo mais óleo e gás nas profundezas das águas territoriais brasileiras do que as mais alvissareiras descobertas da Bacia de Campos. Lula, de modo consideravelmente sensato, sugeriu que os proventos dessas reservas gigantescas fossem mais distribuídos entre os estados e municípios da União do que a comparativamente pequena produção com que já se contava. Mas a lei proposta por Ibsen Pinheiro faz com que Macaé, com todo o gigantismo social e infraestrutural que vem com a exploração local de muito petróleo, empobreça e desorganize-se para que algum estado pobre receba mais pelo petróleo produzido do que a cidade fluminense. Sou contra.
A cidade do Rio de Janeiro, que já sofreu o grande baque de deixar de ser a capital federal (não foi um mero baque psicológico narcísico: foi também — e principalmente — queda econômica); que já teve de se revirar para absorver os efeitos da fusão; que enfrenta com surpreendente determinação a perda de territórios para chefetes de gangues criminosas não merece ser tratada pelo poder federal com tamanho desleixo. Se o Legislativo adotou a jogada demagógica que assegura sucessos eleitoreiros regionais, que o Executivo responda com altivez: que Dilma vete essa lei ou pressione para permitir uma discussão de médio prazo. E se não for o Executivo, que então seja o Judiciário. Esse Judiciário que brilhou com o discurso sóbrio de Joaquim Barbosa, o primeiro presidente negro do Supremo, assunto sobre o qual não se sabe o que diria Monteiro Lobato.
O grito de Lobato (que virou até título de chanchada da Atlântida, com Violeta Ferraz chanchando mais do que todos) deve ser ouvido hoje como um grão de sal. Na verdade, dadas as dimensões da encrenca, como uma camada quase intransponível de sal. A maldição do petróleo é uma evidência histórica. Com a exceção da Noruega, os países que têm muito petróleo terminam escravos do ouro negro. A compreensível admissão de que petróleo é produto estratégico leva à centralização de sua exploração e comercialização. O que propicia o crescimento de tiranias vitalícias e/ou hereditárias, e a psicologia coletiva da supermonocultura. Oligarquias oficiais enriquecem, e povos inteiros vivem na pobreza e na adoração compulsória de seus chefes. Os EUA têm ojeriza ao comando público (estatal) do que quer que seja (exceto, claro, a máquina de guerra). Basta lembrar que, sendo o país mais rico do mundo, eles resistem ainda hoje a ter algo que se assemelhe a saúde pública. Assim, o petróleo lá (coisa em que eles vão em breve se tornar autossuficientes) é de extração privada e ponto final.
O Brasil felizmente não emburacou na onda ultraestatista em relação ao petróleo. Lula manteve muito do que foi definido por FH. Ninguém foi contaminado pelo privatismo histérico norte-americano, mas tampouco seguimos o modelo de Chávez. Vários fatores fizeram com que tocássemos a autossuficiência. Agora a Petrobras descobre que tem sérios problemas. Que o maior deles não venha a ser um golpe mortal no Rio e na harmonia da Federação. Senadores e deputados jogarem a maioria dos estados e municípios contra o Rio e o Espírito Santo é desumano. Contamos com a presidente, com o Supremo e com o bom senso. Que “o petróleo é nosso” possa ser, por agora, um brado legítimo dos fluminenses e dos capixabas.


PROGRAMAÇÃO DESTE DOMINGO NA BIENAL



(25/11) 
Do site:www.bienalcampos.com.br 

Café Literário: 

16h- Antonio Carlos Seccin          
Lucélia Santos         
Cássia Kiss Magro 
mediação:Vânia Bernardo
 - Vozes do Modernismo: a revolução que abalou a vida artístico-literária brasileira. 

18h- Marcelino Freire         
Adriana Lunardi  
mediação: Felipe Sales 
-Ficção Nacional Contemporânea: as novas vozes nacionais da produção literária. 

Botequim Literário: 

20h- Reinaldo Figueiredo         
Mirian Goldenberg         
Cláudio Torres Gonzaga 
mediação: Toninho Ferreira 
-Rindo é melhor...O humor e seus artistas. 

Espaço Jovem: 

10h- Laura Muller 
mediação:Juliana Ribeiro 
- Ser, estar, ficar, namorar, casar: uma conversa franca sobre sexo e enamoramento. 

17h- Thallita Rebouças mediação: 
Suzana Vargas -Fala sério, Thallita! 

Caverna: 

10h- Histórias de Caldeirão com Celso Sisto 
13:30- Cinelivro:"Rosalva mãos de fada" com Celso Sisto 
15:30-Histórias do Caldeirão com Grupo Mosaicos 

Lançamento de livros: 

19h- As mais 2:eu me mordo de ciúmes. 
Patrícia Barbosa local:Thathi Livros 

19h- Tricotando histórias Grupo Nem te Conto 

21h-Encontro de colecionadores de disco vinil Wellington Cordeiro/Romualdo Bragahospedagem de site