Em pronunciamento agora há pouco em rede nacional de televisão, a presidente Dilma Rousseff anunciou reajuste de 10% para os beneficiários do Bolsa-Família. Também por decreto, foi reajustada a tabela do Imposto de Renda na fonte dos assalariados o que deve representar cerca de 6% de aumento real para os trabalhadores.
Dilma falou a pretexto das comemorações pelo dia do Trabalhador e voltou a defender a Petrobras, alvo de CPI no Congresso Nacional.
A seguir, a íntegra do pronunciamento:
“Trabalhadores e
trabalhadoras, neste 1º de maio, quero reafirmar, antes de tudo, que é
com vocês e para vocês que estamos mudando o Brasil. Vocês que estão nas
fábricas, nos campos, nas lojas e nos escritórios sabem bem que estamos
vencendo a luta mais difícil e mais importante: a luta do emprego e do
salário. Não tenho dúvida, um país que consegue vencer a luta do emprego
e do salário nos dias difíceis que a economia internacional atravessa,
esse país é capaz de vencer muitos outros desafios.
É com esse
sentimento que garanto a vocês que temos força para continuar na luta
pelas reformas mais profundas que a sociedade brasileira tanto precisa e
tanto reclama: nas reformas para aperfeiçoar a política, para combater a
corrupção, para aumentar a transparência, para fortalecer a economia e
para melhorar a qualidade dos serviços públicos.
Nosso governo tem
o signo da mudança e, junto com vocês, vamos continuar fazendo todas as
mudanças que forem necessárias para melhorar a vida dos brasileiros,
especialmente dos mais pobres e da classe média.
Continuar com as
mudanças significa também continuar lutando contra todo tipo de
dificuldades e incompreensões, porque mudar não é fácil, e um governo de
mudança encontra todo tipo de adversários, que querem manter seus
privilégios e as injustiças do passado, mas nós não nos intimidamos.
Se
hoje encontramos um obstáculo, recomeçamos mais fortes amanhã, porque
para mim as dificuldades são fonte de energia e não de desânimo. Se nem
tudo ocorre no tempo previsto e desejado, isso é motivo para acumular
mais forças, para seguir adiante e, em seguida, mudar mais rápido. É
assim que se vence as dificuldades, é assim que se vai em frente.
Minhas
amigas e meus amigos, Acabo de assinar uma medida provisória corrigindo
a tabela do Imposto de Renda, como estamos fazendo nos últimos anos,
para favorecer aqueles que vivem da renda do seu trabalho. Isso vai
significar um importante ganho salarial indireto e mais dinheiro no
bolso do trabalhador.
Assinei também um decreto que atualiza em
10% os valores do Bolsa Família recebidos por 36 milhões de brasileiros
beneficiários do programa Brasil sem Miséria, assegurando que todos
continuem acima da linha da extrema pobreza definida pela ONU.
Anuncio
ainda que assumo o compromisso de continuar a política de valorização
do salário-mínimo, que tantos benefícios vem trazendo para milhões de
trabalhadores e trabalhadoras. A valorização do salário-mínimo tem sido
um instrumento efetivo para a diminuição da desigualdade e para o
resgate da grande dívida social que ainda temos com os nossos
trabalhadores mais pobres.
Algumas pessoas reclamam que o nosso
salário-mínimo tem crescido mais do que devia. Para eles, um
salário-mínimo melhor não significa mais bem-estar para o trabalhador e
sua família, dizem que a valorização do salário-mínimo é um erro do
governo e, por isso, defendem a adoção de medidas duras, sempre contra
os trabalhadores.
Nosso governo nunca será o governo do arrocho
salarial, nem o governo da mão dura contra o trabalhador. Nosso governo
será sempre o governo da defesa dos direitos e das conquistas
trabalhistas, um governo que dialoga com os sindicatos e com os
movimentos sociais e encontra caminhos para melhorar a vida dos que
vivem do suor do seu trabalho.
Trabalhadoras e trabalhadores, Meu
governo também será sempre o governo do crescimento com estabilidade, do
controle rigoroso da inflação e da administração correta das contas
públicas. Nos últimos anos, o Brasil provou que é possível e necessário
manter a estabilidade e, ao mesmo tempo, garantir o salário e o emprego.
Em
alguns períodos do ano, sei que tem ocorrido aumentos localizados de
preço, em especial dos alimentos. E esses aumentos causam incômodo às
famílias, mas são temporários e, na maioria das vezes, motivados por
fatores climáticos. Posso garantir a vocês que a inflação continuará
rigorosamente sob controle, mas não podemos aceitar o uso político da
inflação por aqueles que defendem "o quanto pior, melhor".
Temos
credibilidade política para dizer isso. Nos últimos 11 anos, tivemos o
mais longo período de inflação baixa da história brasileira. Também o
período histórico em que mais cresceu o emprego e em que o salário mais
se valorizou. Nesse período, o salário do trabalhador cresceu 70% acima
da inflação, geramos mais de 20 milhões de novos empregos com carteira
assinada, sendo que 4,8 milhões no atual governo. Nesse mesmo período
também conseguimos a maior distribuição de renda da história do Brasil.
Trabalhadoras
e trabalhadores, é com seriedade e firmeza que quero voltar a falar das
reformas que iniciamos e vamos continuar lutando para ampliá-las em
favor do Brasil.
Quero garantir a você, trabalhadora, e a você,
trabalhador, que nossa luta pelas mudanças continua, nada vai nos
imobilizar. A tarifa de luz, por exemplo, teve a maior redução da
história. A seca baixou o nível dos reservatórios e tivemos de acionar
as termoelétricas, o que aumentou muito as despesas. Imaginem se nós não
tivéssemos baixado as tarifas de energia em 2013. Os investimentos que
fizemos em geração e transmissão de energia permitem hoje ao Brasil
superar as dificuldades momentâneas, mantendo a política de tarifas
baixas.
Neste 1º de Maio, Dia do Trabalhador, dia de quem vive
honestamente do suor do seu trabalho, quero reafirmar o compromisso do
meu governo no combate incessante e implacável à corrupção. Novos casos
têm sido revelados por meio do trabalho da Polícia Federal e da
Controladoria-Geral da União, órgãos do governo federal.
Sei que a
exposição desses fatos causa indignação e revolta a todos, seja a
sociedade, seja o governo, mas isso não vai nos inibir de apurar mais,
denunciar mais e mostrar tudo à sociedade, e lutar para que todos os
culpados sejam punidos com rigor. O que envergonha um país não é apurar,
investigar e mostrar. O que pode envergonhar um país é não combater a
corrupção, é varrer tudo para baixo do tapete. O Brasil já passou por
isso no passado e os brasileiros não aceitam mais a hipocrisia, a
covardia ou a conivência.
É com essa franqueza que quero falar da
Petrobras. A Petrobras é a maior e mais bem-sucedida empresa brasileira.
É um símbolo de luta e afirmação do nosso país. É um dos mais
importantes patrimônios do nosso povo. Por isso a Petrobras jamais vai
se confundir com atos de corrupção ou ação indevida de qualquer pessoa. O
que tiver de ser apurado deve e vai ser apurado com o máximo rigor, mas
não podemos permitir, como brasileiros que amam e defendem seu país,
que se utilize de problemas, mesmo que graves, para tentar destruir a
imagem da nossa maior
empresa. Repito aqui o que disse há poucos
dias em Pernambuco: não transigirei, de nenhuma maneira, em combater
qualquer tipo de malfeito ou atos de corrupção, sejam eles cometidos por
quem quer que seja. Mas igualmente não vou ouvir calada a campanha
negativa dos que, para tirar proveito político, não hesitam em ferir a
imagem dessa empresa que o trabalhador brasileiro construiu com tanta
luta, suor e lágrimas.
Trabalhadores e trabalhadoras, vocês
lembram dos pactos que nós firmamos, após as manifestações de junho.
Eles já produziram muitos resultados. Precisamos ampliá-los muito mais. O
pacto pela educação, por exemplo, gerou a lei que permitirá que a maior
parte dos royalties e dos recursos do pré-sal seja aplicada na
educação. Isso vai melhorar o salário dos professores e revolucionar a
qualidade do nosso ensino.
O pacto pela saúde viabilizou o Mais
Médicos, e em apenas seis meses já colocamos mais de 14 mil médicos em
3.866 municípios. E o que é mais importante: esses números significam a
cobertura de atenção médica para 49 milhões de brasileiros.
O
pacto pela mobilidade urbana está investindo R$ 143 bilhões, o que
permite a implantação de metrôs, veículos leves sobre trilhos,
monotrilhos, BRTs, corredores de ônibus e trens urbanos. Com isso,
estamos melhorando o sistema viário e o transporte coletivo público nas
cidades brasileiras.
Além de acelerar as ações desses pactos é
preciso agora, sobretudo, tornar realidade o pacto da reforma política.
Sem uma reforma política profunda, que modifique as práticas políticas
no nosso país, não teremos condições de construir a sociedade do futuro
que todos almejamos. Estou fazendo e farei tudo que estiver ao meu
alcance para tornar isso uma realidade.
Foi assim que encaminhei
ao Congresso Nacional uma proposta de consulta popular para que o povo
brasileiro possa debater e participar ativamente da reforma política.
Sempre estive convencida que sem a participação popular não teremos a
reforma política que o Brasil exige. Por isso, além da ajuda do
Congresso e do Judiciário, preciso do apoio de cada um de vocês,
trabalhador e trabalhadora. Temos o principal: coragem e vontade
política. E temos um lado: o lado do povo. E quem está ao lado do povo
pode até perder algumas batalhas, mas sabe que no final colherá a
vitória.
Viva o 1º de Maio! Viva a trabalhadora e o trabalhador brasileiros! Viva o Brasil”