Ford Fusion dirigido pelo filho casal Garotinho e de propriedade da GAP |
No documento do Detran o endereço da GAP dona do veículo, é o mesmo informado na nota de esclarecimento divulgada hoje pelo subprocurador da PMCG: Rua Felipe Uébe, 124 |
Na semana que acaba daqui a pouco, dois personagens disputaram a cena política nacional. De um lado o deputado Garotinho (líder do PR) que foi, sem dúvidas um dos protagonistas da batalha dos portos, e do outro, o líder do governo Eduardo Cunha (PMDB). Cunha já foi apadrinhado de Garotinho que o levou para o Governo Rosinha como secretário estadual de Habitação, mesmo conhecendo sua vida pregressa de presidente da Telerj no governo Collor.
Mas o caso é que, a serviço de lobbies diversos, Eduardo Cunha apresentou uma emenda aglutinativa à Medida Provisória de modernização dos portos que praticamente descaracterizava a proposta inicial do governo e diante da tibieza do PT, foi Garotinho quem se destacou na defesa do governo e a presidente Dilma Rousseff sabe que lhe deve essa, além da antipatia pessoal que ela parece nutrir por Cunha.
Em meio aos embates, Garotinho colheu louros mas também revezes: o primeiro do próprio Eduardo Cunha e depois do líder do DEM, Ronaldo Caiado.
Veja o que disse Merval Pereira, em sua coluna diária em O Globo, dia 10/05/2013:
"Garotinho acusou a emenda aglutinativa patrocinada por Cunha de cheirar mal, de ter motivações escusas, e nos bastidores falava abertamente em milhões de reais por baixo da mesa para favorecer interesses de empresários. Cunha referiu-se a Garotinho como o batedor de carteira que sai gritando “pega ladrão”, para distrair a atenção", (aqui)
No dia seguinte e fiel ao seu estilo de não perder o que acha ser uma boa imagem ou frase de efeito, Garotinho subiu à tribuna e insinuou que o DEM estaria sendo orientado pelo ex-banqueiro Daniel Dantas, que teria interesses em alguns pontos na MP dos Portos. Foi o que bastou para transformar o ex-fundador da UDR numa fúria ambulante. Ronaldo Caiado foi à tribuna e num discurso de pouco mais de cinco minutos desancou o líder do PR como nunca alguém tinha feito em público: de "chefe de quadrilha" a frouxo". (reveja os vídeos aqui e aqui).
Para terminar a semana, Garotinho ainda é o centro de reportagem da Revista Época (aqui) com acusações de ligações com o dono da GAP, uma empresa que, entre outros serviços alugou um carro para o gabinete do deputado do PR, outros 140 para a campanha do partido em 2010 e, desde 2009, ambulâncias para a Prefeitura de Campos. Tudo bem se o dono da empresa, George Augusto Pereira, segundo a revista, existisse no mundo real. A Época sustenta que o homem que recebeu cerca de R$ 35 milhões da PMCG nos últimos anos é uma fraude e tem a identidade camuflada por documentos falsos.
Pela fraca defesa apresentada por Garotinho, incluindo a nota de esclarecimento da Subprocuradoria Geral do Município (aqui) deve estar realmente muito difícil explicar a materialização de um empresário com esse volume de movimentação de dinheiro e que tenha apresentado renda anual em 2011 de apenas R$ 23 mil, conforme denúncia da revista.
Nesse caso não adianta abrir mão de sigilo fiscal e bancário e nem desengavetar a cantilena da casinha da Lapa. É preciso jogar a culpa do colo de alguém para justificar tantos negócios do partido, do próprio gabinete parlamentar e da prefeitura com uma empresa com esse nível de suspeição. Sem falar no acidente, em 2011, quando o filho do deputado avariou um carro num acidente nas proximidades do Palácio da Cultura e descobriu-se que o veículo pertencia à GAP. Na ocasião justificou-se que o gerente da empresa o emprestara ao filho do deputado. E agora Garotinho vem escrever em seu Blog que não conhece, nunca viu e nem ao menos sabe quem é o dono da GAP.
Explica essa, Garotinho.
Veja mais sobre o assunto:
Blog Estou Procurando o que fazer (aqui), post de 27/06/2011:
segunda-feira, 27 de junho de 2011
Wladimir Garotinho usava carro de empresa que presta serviços à prefeitura de Campos
Documento do Detran comprova que a GAP Comércio e Serviços Especiais Ltda. é a proprietária do veículo dirigido por Wladimir Garotinho. |
É de propriedade de uma empresa privada que mantém contrato de aluguel de veículos com a prefeitura de Campos, o Ford Fusion , placa KNZ 5267 (conforme informação do site Campos 24 horas), dirigido por Wladimir Garotinho, que no último dia 18 se envolveu em um acidente na esquina das ruas Voluntários da Pátria e Benta Pereira. A denúncia foi feita hoje pelo deputado estadual Roberto Henriques (PR), que cobrou explicações à prefeita Rosinha Garotinho.
Matéria no site Campos24horas sobre o acidente envolvendo o filho da prefeita. |
Roberto Henriques disse que, como deputado, não se envolve em questões pessoais, entretanto a prefeita deve à sociedade explicações para o fato de seu filho, que não é servidor público municipal, estar dirigindo um veículo pertencente a uma empresa que aluga ambulâncias para a municipalidade. "O caso sai da esfera pessoal para a pública e o que é público é de interesse de todos", afirmou Roberto.
Blog do Garotinho (aqui), post de 26/07/2011:
RESPOSTA DE WLADIMIR
Se eu soubesse que o carro era da empresa, não teria usado. Sim, considero que há um conflito de interesse, por outro lado, sou amigo de Johannes há vários anos e não sabia que o carro pertencia à empresa que presta serviços à prefeitura, porque se soubesse, não teria usado. Quanto ao valor do contrato da empresa com a prefeitura, não sei responder, cabe a prefeitura informar.
Viajei sim, mas com recursos próprios, em avião de carreira, que por sinal não pertence a empresário nenhum, mas sim a empresa Aerolineas Argentina. Comprei um pacote e dividi em duas vezes no meu cartão de crédito, como milhares de brasileiros podem fazer. Sou amigo de Tauil há mais de dez anos e sei que ele tem uma vida modesta e possui uma empresa de pequenos reparos.
Se eu soubesse que o carro era da empresa, não teria usado. Sim, considero que há um conflito de interesse, por outro lado, sou amigo de Johannes há vários anos e não sabia que o carro pertencia à empresa que presta serviços à prefeitura, porque se soubesse, não teria usado. Quanto ao valor do contrato da empresa com a prefeitura, não sei responder, cabe a prefeitura informar.
Viajei sim, mas com recursos próprios, em avião de carreira, que por sinal não pertence a empresário nenhum, mas sim a empresa Aerolineas Argentina. Comprei um pacote e dividi em duas vezes no meu cartão de crédito, como milhares de brasileiros podem fazer. Sou amigo de Tauil há mais de dez anos e sei que ele tem uma vida modesta e possui uma empresa de pequenos reparos.