Enquanto o deputado Geraldo Pudim (ainda no PR), mantém o mais absoluto silêncio (em público), sobre sua troca de patrono, seu nome continua no centro do debate eleitoral para 2016. Ontem foi o ex-chefe Garotinho a lamuriar-se num longo e histriônico discurso na rádio da turma dele e, na edição de hoje da Folha, quem fala por Pudim é o presidente da Alerj e cacique do PMDB fluminense, Jorge Picciani.
Enquanto se mantiver calado, sem rejeitar publicamente o ninho que deixou, o deputado Pudim dificilmente se livrará da suspeita de uma conspiração cumpliciada por Garotinho e Picciani para dividir a oposição de verdade e criar chances de vitória para um candidato garotista em 2016.
Olhando o quadro como está hoje, Pudim se torna o candidato ideal para os dois lados: Garotinho o quer disputando pelo PMDB para rachar a oposição e a oposição o prefere candidato do garotismo porque é mais fácil de derrotar.
E, pensando bem, trocar Garotinho por Picciani é ... deixa prá lá.
Da Folha da Manhã deste domingo:
Pudim será candidato do PMDB
Aluysio Abreu Barbosa
Foto: Ascom/Divulgação
Foto: Ascom/Divulgação
Presidente estadual do PMDB e da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), Jorge Picciani bateu o martelo: o também deputado estadual Geraldo Pudim (atual PR) será o candidato do PMDB de Campos à sucessão da prefeita Rosinha Garotinho (PR) em 2016. De fato, a resolução é tanta, que não vai nem aguardar o resultado de uma pesquisa qualitativa já encomendada pelo partido para o município. E, pelo visto, não será levado em conta o fato do governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) ter afirmado que apoiará na disputa em Campos, para 2016, um candidato que lhe apoiou em 2014. Mas o discurso de Picciani é conciliador com a oposição local: “certamente, no fim da jornada, estaremos todos juntos”.
Folha da Manhã — Pudim será o candidato do PMDB à Prefeitura de Campos em 2016? Por quê?
Jorge Picciani — O deputado Pudim será o candidato do PMDB em Campos. Ele reúne, por sua trajetória na cidade e seus mandatos como deputado estadual e federal, todas as condições para recuperar o desenvolvimento do município, extremamente prejudicado sobretudo nesse último mandato da prefeita. O PMDB fará todos os esforços para garantir a ele o maior número de aliados ainda no primeiro turno e, depois, num eventual mandato de prefeito.
Folha — Na segunda-feira, dia 13, o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) recebeu o vereador Rafael Diniz (PPS) no Palácio Guanabara, onde assegurou que apoiará em Campos, em 2016, um candidato que o apoiou a governador em 2014. Pudim foi Garotinho nos dois turnos. E aí?
Picciani — O vereador Rafael Diniz, do PPS, é uma das boas surpresas desta nova geração de jovens políticos de Campos. O PMDB e o PPS, presidido de forma exemplar pelo deputado Comte Bittencourt (também presente ao encontro de segunda com Pezão e Rafael), que além de colega de Assembleia eu tenho o prazer de considerar um amigo, é um aliado estratégico do PMDB a nível estadual e em vários municípios do Rio, inclusive na capital. É natural que, numa eleição de dois turnos, os partidos trabalhem para firmar suas candidaturas. Mas, certamente, no fim da jornada, estaremos todos juntos.
Folha — Se vier candidato a prefeito pelo PMDB, Pudim enfrentará dois estigmas. O primeiro, de ter traído Garotinho. O segundo, de ser um plano B deste, uma espécie de Cavalo de Tróia. Como se livrar desses rótulos?
Picciani — O deputado Pudim tem uma postura de correção que o acompanha ao longo de toda a sua vida pública. Em relação aos nossos adversários, não cabe comentar. Pudim será candidato pelo bem do povo de Campos.
Folha — O Globo e o grupo de comunicação de Garotinho em Campos noticiaram em novembro passado sua união com o ex-governador na eleição da mesa diretora da Alerj. Se já estiveram tantas vezes juntos no passado, por que o eleitor deveria acreditar que não estariam agora?
Picciani — A minha aliança foi com a bancada de deputados estaduais do PR, que foi unânime no apoio de seus oito deputados à minha candidatura a presidente da Alerj. Eles me apoiaram apesar da resistência, que foi pública, da deputada Clarissa Garotinho (PR) e seu pai, que queriam notadamente que eu desse ao PR a presidência da comissão de Segurança da Casa, o que eu rejeitei. O apoio do PR garantiu praticamente a unanimidade dos votos de todos os deputados, de todos os partidos, na eleição da atual mesa diretora, à exceção do Psol.
Folha — Você diz que eleição é informação (pesquisa) e tempo de TV? Pudim candidato pelo PMDB terá que esperar a pesquisa qualitativa já encomendada pelo partido para Campos?
Picciani — Pudim está consagrado como nosso candidato. A estratégia de cada campanha é definida pelo candidato e sua equipe mais próxima e as pesquisas ajudam muito nisso, mas ele terá o apoio firme do PMDB para que obtenha sucesso no pleito.
Folha — Na Câmara Federal, assim como você, na Alerj, o deputado Eduardo Cunha (PMDB) tem demonstrado a força do Parlamento diante do Executivo. Não é diferente do que a oposição tem feito na Câmara de Campos. Pudim candidato a prefeito pelo PMDB não é deixar esse pessoal de fora?
Picciani — É natural e salutar que os bons valores da oposição também coloquem seus nomes nessa disputa. Nós vamos trabalhar para conseguir atrair essa boa oposição de Campos pelo bem da cidade e da população.
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