Líder do governo d. Rosinha, Hirano passou por tratamento médico no exterior no ano passado, mas estaria pronto para a campanha |
Batista pode ser recompensado por sua lealdade ao grupo político por sua atuação como presidente da Câmara nos últimos quatro anos |
Vice nos últimos oito anos, o também médico Chicão não pode mais disputar a vice. Só a cabeça de chapa, possibilidade cada dia mais distante |
A se confirmarem os rumores do
final de semana, na próxima quarta-feira, 27, serão ungidos dois médicos na
chapa que vai representar o grupo político dominante nas eleições de outubro para a Prefeitura de Campos:
Paulo Hirano (PR) prefeito e Edson Batista (PTB) o vice. Independente da qualidade
política de ambos, se depender das probalidades, a dupla é favorita para administrar as dívidas do
município pelos próximos quatro anos. Das últimas 16 eleições para a Prefeitura
de Campos ocorridas nos últimos 50 anos, em apenas três não havia um
médico na chapa vencedora: Zezé Barbosa/Valdebrando Silva (1982), Sérgio
Mendes/Amaro Gimenes (1992), Carlos Alberto Campista/Toninho Viana (2004).
A famosa dupla composta pelo industrial
Zezé Barbosa e o médico Lourival Martins Beda já havia sido vitoriosa na eleição
de 1966 e voltara “por vontade popular” e "depois de um descanso merecido" , como dizia a marchinha de campanha, ao
governo na eleição de 1972. No pleito seguinte (1976), foi a vez do engenheiro Raul
Linhares e do médico Wilson Paes chegarem ao poder. Raul foi um raro caso de
desapego ou de desencanto e deixou um ano inteiro para seu sucessor, além
de respeitável legado como obras de infraestrutura importantes, o Calçadão e a
recuperação do Villa Maria. Em 1988, Garotinho (então PDT) estreou na
prefeitura com o médico Adilson Sarmet (PSB) na vice e numa aliança que duraria
pouco mais de um ano. Sarmet, que fora nomeado para dirigir o Hospital Ferreira
Machado, que estava em fase de reabertura, foi demitido pelo prefeito e as
relações azedaram de vez.
Eleito para um segundo mandato em
1996, Garotinho voltou com outro médico na garupa, desta vez o popular vereador
Arnaldo França Viana, que o substituiria para concluir o mandato a partir de
1998 e eleito prefeito na primeira eleição do século 21. O sucessor de
Arnaldo, eleito numa chapa sem médico, foi cassada cinco meses e 13 dias após a
posse e substituído pelo presidente da Câmara, o médico Alexandre Mocaiber, logo depois efetivado na eleição suplementar de 2006. Na sequência,
foram dois governos de dona Rosinha com o médico Chicão Oliveira na vice.
Médico no poder em Campos não é
novidade apenas nos últimos cinquenta anos ainda alcançados pela memória do
jornalista cinquentão. Com apoio da pesquisa do historiador Hélvio Cordeiro, do
Instituto Historiar (aqui) e do imprescindível livro “Política, Políticos &
Eleições”, de Vivaldo Belido de Almeida (Ed. Alvorada – dezembro de 1988), é
possível descobrir que o primeiro médico a assumir a Prefeitura de Campos foi
José Nunes Siqueira (1910/1911), seguido dos também médicos Luiz Caetano Guimarães Sobral (de 1914 a
1918 e 1920 a 1924 e 1930); Benedito Gonçalves Pereira Nunes (1928-1930);
Oswaldo Luiz Cardoso de Melo, (1931 a 1932); Sílvio Bastos Tavares, (1932 a 1933 e de 1939/1937); Manuel Ferreira Paes, (1945/1946 e
1947 a 1951); João Barcelos Martins (1955-1959 e 1963 a 1964) e Edgardo Nunes
Machado (1962).
Se o tal Conselho da Frente
Popular Progressista — apelido pomposo da sopa de letrinhas de partidos
barganhados para apoiar a candidatura do grupo político dominante — não optar
pela chapa dos dois médicos, a possibilidade é de que pelo menos uma das vagas seja de alguém da área da Medicina. A dupla Paulo Hirano/Mauro Silva
não vingou, dizem as más línguas, por excessivamente “estrangeira”. Bobagem. O
fato de ambos terem nascido no Paraná não desmerece a carreira de ambos, construída
na planície goitacá. Mas isso é assunto para outra hora...
A questão é, se a cidade teve tantos
médicos administrando a cidade desde o início do século XX, por que a qualidade
do atendimento na área da Saúde ainda é a principal queixa da população?
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