O caso da nota fiscal emitida por uma empresa supostamente cadastrada em Campos e que apareceu na deleção premiada de um dos principais executivos da JBS (FRIBOI) está ficando cada vez mais misterioso.A nota, emitida em 01/09/2014, pela empresa Ocean link Solutions Ltda, foi anexada pelo delator Ricardo Saud como prova de pagamento de propina, no valor de R$ 3 milhões, ao então senador pelo PR de São Paulo, Antônio Carlos Rodrigues. No canto superior direito da nota, que se encontra no Supremo Tribunal Federal, aparece, escrito à mão, o nome "Garotinho" e o número "17".Na época, Anthony Garotinho era presidente estadual do PR e candidato do partido ao Governo do Rio.
O mistério começa com o endereço da empresa,que segundo a nota fiscal fica no lote 27 quadra J -Parque Rosário em Campos. Segundo a Folha da Manhã apurou (veja reportagem abaixo), o endereço não existe,na documentação oficial da empresa (aqui), a Ocean funciona em Macaé. Ainda segundo a Folha, um dos sócios da Ocean, também é dono da Working Empreendimentos e Serviços Ltda, uma das campeãs de contratos no Governo Rosinha. Polivalente, a Working alugava palcos, banheiros químicos,fazia obras de saneamento básico, reformas de escolas e ainda vendia abrigos de passageiros.
A nota fiscal e o contrato entre a JBS e a Ocean Link Solutions Ltda. integram os documentos anexados pelo delator Ricardo Saud à Procuradoria Geral da República (PGR) e hoje estão no STF aguardando decisão do ministro Edson Fachin, que pode mandar que a investigação continue em Brasília ou vá para São Paulo, domicílio do ex-senador Antônio Carlos. O contrato foi assinado em 28/08/2014, a nota fiscal emitida em 01/09/2014 e o pagamento integral feito em 08/09/2014.como revelou o blogueiro Christino Abreu Barbosa (aqui).Pelo contrato,a execução se daria em 12 meses e o pagamento seria mensal.
A reportagem da Folha telefonou para o número atribuído à Ocean e a ligação foi atendida na....Working.
E mais: segundo o jornal, O Ministério Público Estadual tenta desvendar o mistério.
Confira algumas postagens deste Blog sobre as contratações da Working no governo Rosinha (aqui e aqui).
A íntegra da delação pode ser lida aqui, no site Poder 360. O contrato e a nota fiscal misteriosa estão no anexo 13.
Da edição desta quarta-feira, 24/05/2017 da Folha da Manhã (página 3)
Afinal de contas o que é de fato a Ocean Link? A empresa que oficialmente presta serviço de consultoria e manutenção em redes de telecomunicações é uma das protagonistas da delação premiada da JBS que levou o Ministério Público a abrir uma investigação penal contra o ex-governador Anthony Garotinho (PR), como antecipou nessa terça-feira (23) a coluna Ponto Final. De acordo com o executivo da multinacional Ricardo Saud, mais de R$ 3 milhões foram pagos para a Ocean em 2014 em um recibo com o brasão de Campos e o nome do ex-governador escrito a mão. Segundo o delator, o dinheiro da propina teria como destino final o ex-senador e ex-ministro Antonio Carlos Rodrigues, também do PR. No entanto, apesar da Ocean Link ter sede em Macaé, a nota fiscal e a inscrição municipal da empresa em Campos tem registrado um endereço inexistente no Parque Aurora e um telefone de outra empresa bem conhecida dos campistas: a Working.
A Working foi grande fornecedora no governo Rosinha Garotinho (PR), quando prestou os mais variados serviços como a manutenção de escolas e montagem e desmontagens de palcos, por exemplo. Ocean Link e Working têm em comum o mesmo sócio, André Luiz da Silva Rodrigues. Além de sócio das duas empresas, André Luiz também teria se filiado ao PDT em 1991, quando Garotinho estava no mesmo partido.
De acordo com a Prefeitura e com o documento apresentado por Ricardo Saud, o endereço da inscrição municipal da Ocean Link seria no Lote 27, Quadra J, sem número, no Parque Aurora. No entanto, o endereço não existe. No bairro, um vendedor de churrasco que preferiu não se identificar afirmou: “moro aqui há 58 anos e nunca ouvi falar desse lugar”.
A reportagem também tentou contato pelo telefone cadastrado no site da Receita Federal, mas do outro lado da linha quem atendeu foi uma funcionária da Working, que tem sede também no Parque Aurora. A atendente informou que “já ouviu falar da Ocean Link” e que tentou falar o responsável, mas ele não se encontrava no local no momento da ligação.
O contrato entre Ocean Link e JBS para “consultoria, engenharia de telecomunicações e desenvolvimento de softwere (sic)” foi firmado em 28 de agosto de 2014 para um serviço de um ano. No entanto, a nota da Ocean foi gerada em 1º de setembro, quatro dias depois, e pago pela JBS no dia 8 do mesmo mês, pouco antes das eleições.
Ministério Público investiga Garotinho
A coluna Ponto Final adiantou que os promotores Fabiano Rangel Moreira e Renata Felizberto, respectivos titulares da 1º e 2º Promotorias de Investigação Penal (PIPs) do Ministério Público (MPRJ) de Campos, abriram uma investigação criminal para saber por que o nome do ex-governador Anthony Garotinho surgiu em documentos na delação de pagamento de propina, feita pela empresa JBS e homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Apesar de estar proibido pela Justiça de pisar em Campos desde 24 de novembro de 2016 para não atrapalhar as investigações da Chequinho, o ex-governador tem a oportunidade de se explicar aos promotores. Garotinho está convocado para depor na próxima semana na 1ª PIP de Campos, onde está em andamento outra investigação criminal sobre o calçamento de calçadas sem licitação, permissão da Câmara ou dos proprietários das casas, feito pelo governo rosáceo na campanha das eleições municipais perdidas ainda no primeiro turno.
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