terça-feira, 1 de outubro de 2013

RELATO DE QUEM VIU DE PERTO A COVARDIA CONTRA OS PROFESSORES NO RIO

Acabo de voltar da manifestação na Cinelândia nesse momento. Enquanto o G1 dá notícias esparsas sobre possíveis agências bancárias quebradas eu posso dizer como testemunha ocular que a manifestação não está dividida em dois blocos (black blocs e professores como o G1 noticia. Os professores formam a grande maioria da manifestação (cerca de 90%) e todos estão unidos na tentativa de escapar das inúmeras bombas de gás e dos tiros com bala de borracha. Há uma banda formada por professores tocando sem parar marchinhas de protesto .As vezes os membros da bandinha são dispersados pelas bombas, mas mesmo isolados voltam a tocar. Um senhor, nitidamente trabalhador da região, me pergunta se é a polícia mesmo que está fazendo tudo isso. respondo que sim e ele me diz incrédulo e indignado que só viu isso na ditadura. jovens professores, senhoras com décadas de magistério, pessoas que nitidamente amam sua profissão historicamente relegada ao descaso. São essas pessoas que a polícia está atacando nesse momento. para vergonha da classe cultural, o secretario de cultura do rio de janeiro Sergio de Sá Leitão, que em nome da cultura deve ao menos uma palavra de apoio aos professores, declara que sente "pena dos alunos que ficam sem aula". escrevo tudo isso ouvindo o barulho das bombas e dos helicópteros que há dias rondam o centro vigiando quem eles deviam proteger.antes, governo e os inúmeros críticos de sofá, culpavam "vândalos" e mascarados. E agora? Até quando esses pequenos ditadores vão esquecer leis e desprezar diálogo em prol de violência e força bruta? Sou filho de professora, amigo de outros tantos e tantas. Minha indignação é a de quem sabe muito bem que essa classe vem sendo pisada há muitos anos. Vi minha mãe e meus amigos e amigas participarem de inúmeros movimentos semelhantes nas últimas décadas com pouquíssimas conquistas. Mas nunca vi um nível de violência e arbitrariedade tão grandes quanto o que presenciei nos últimos dias e no dia de hoje. E mesmo debaixo de tanta porrada, tantas bombas, com os olhos ardendo de gás e revolta, nesse momento, a banda dos professores continua tocando marchinhas de protesto carnavalescas. Parece pouco, mas me dá uma esperança imensa. Isso me faz entender melhor porque essa classe é tão nobre.

ps: Se algum ex-professor meu ler essa postagem e encontrar algum erro de português, releve. É o calor do momento.

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