A exibição do próximo Roda Viva será, coincidentemente, na mesma data em que foi deflagrado o golpe militar
no Brasil, há 50 anos. Para lembrar o período negro que se seguiu, o
programa da TV Cultura, que vai ao ar na segunda-feira (31/3), às 22h,
recebe Almino Affonso, ex-ministro de João Goulart. Com apresentação do
jornalista Augusto Nunes, esta edição tem como foco debater a ditadura
no Brasil.
O amazonense Almino Affonso teve seu nome na primeira lista de
cassações, em 10 de abril de 1964, dias depois do golpe militar. Ficou
exilado por 12 anos, vivendo na Iugoslávia, Uruguai, Chile, Peru e
Argentina.
Foi deputado federal pelo Amazonas, em 1958, reeleito em 1962, e líder
da bancada do antigo PTB na Câmara. Foi ministro do Trabalho e
Previdência Social do presidente João Goulart, de janeiro a junho
de1963. Quando os militares tomaram o poder, o parlamentar atuava na
Câmara Federal.
Durante a entrevista, o ex-ministro esclarece a data exata do golpe.
“Ainda perdura no Brasil a ideia de que o golpe teria sido a 31 de
março. Não é real. 31 de março se esgota na marcha do general Mourão
para tentar depor o presidente João Goulart, no Rio de Janeiro. Mas o
presidente continua presidente. Vai a Brasília e realiza reunião na
granja do Torto conosco, todos deputados. Naquele instante, o general
Ladário telefona para o presidente e propõe para que ele se deslocasse
para Porto Alegre”.
Para Almino, o momento histórico do golpe se deu na madrugada do dia 2
de abril. “Enquanto o presidente está se deslocando para Porto Alegre, o
senador Moura Andrade convoca o Congresso para uma sessão
extraordinária. Isso foi à 1 hora da manhã. Ele fala que o presidente
estava se deslocando e diz que o governo estava abandonado, que havia
uma acefalia política. E ele declara: “ Está vago o cargo de presidente
da república’. O Mazilli [Ranieri Mazzilli, presidente da Câmara dos
Deputados] toma posse nessa mesma madrugada. O fato formal [da queda de
João Goulart] se dá aí”.
Almino Affonso retornou ao Brasil em 1976 e filiou-se ao MDB em 1979,
depois foi para o PMDB, partido com o qual foi eleito vice-governador de
São Paulo, na gestão Orestes Quércia, exercendo o mandato no período de
1987 a 1990. Também foi deputado federal pelo PSDB, entre 1995 e 1999,
conselheiro da República na gestão do Presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, assessor do governador de São Paulo, na gestão de José Serra,
secretário de Estado de São Paulo (Relações Institucionais). Atualmente
está filiado ao PSB, Partido Socialista Brasileiro.
Almino Monteiro Álvares Affonso, natural da cidade de Humaitá (AM),
formou-se na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP).
Disputou uma cadeira na Câmara Federal pelo Amazonas e foi o único
candidato eleito pelo Partido Social Trabalhista, naquele Estado.
Participam da bancada desta edição do Roda Viva Marco Antonio Villa,
historiador e autor do livro Ditadura à Brasileira; Daniel Aarão Reis,
professor de História na Universidade Federal Fluminense e ex-integrante
da luta armada contra a ditadura militar; Eliane Cantanhêde, jornalista
e colunista da Folha de S. Paulo; e Ricardo Kotscho, comentarista da
Rede Record, repórter da revista Brasileiros e editor do blog Balaio do
Kotscho.
O programa também conta com a participação do cartunista Paulo Caruso.
TV Cultura
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