terça-feira, 15 de abril de 2014

ACERVO DO MONITOR VAI FICAR NA CÂMARA MUNICIPAL

Do Ururau (aqui):

De volta para casa: acervo do Monitor Campista já está em Campos

São quase duzentos anos de história contados em 273 edições do jornal
Gerson Gonçalo

São quase duzentos anos de história contados em 273 edições do jornal

“Se a felicidade absoluta não foi possível, já que seria o não fechamento da empresa Monitor Campista, pelo menos um alento de ter o rico acervo de volta”. A frase foi dita pelo fotógrafo Wellington Cordeiro que, ao lado do presidente da Câmara Municipal de Campos, Edson Batista, e o diretor de Multimídia da Casa de Leis, Wilson Heindenfelder, acompanhou a chegada do acervo do terceiro jornal mais antigo do país, Monitor Campista, em sua volta para casa, fato este ocorrido na tarde desta terça-feira (15/04).
São 273 edições que temporariamente vão ficar abrigadas em uma sala da Câmara preparada especialmente para receber o Memorial Monitor Campista, que será apresentado às autoridades do município, jornalistas e representantes de movimentos sociais nesta quarta-feira (16/04), às 17h, ao som da banda da Polícia Militar e da Orquestrando a Vida. No Memorial ficará exposto o acervo do jornal, peças como a primeira máquina impressora (prelo), um prelo de rolo e uma máquina de escrever e imagens fotográficas doadas pelo Museu Barbosa Guerra, do arquivo pessoal de Wellington Cordeiro e do historiador e ex-funcionário do Monitor Campista, Hélvio Cordeiro.
“Na exposição estaremos apresentando o Monitor Campista, através do próprio Monitor já que conseguimos recuperar todos os cadernos especiais do jornal, inclusive os editados a partir de 2007 a 2009, que contam a história de 173, 174 e 175 anos do jornal”, disse Wellington, que é o curador da exposição do Memorial.
O destino do acervo do Monitor Campista será o Arquivo Público Municipal, que fica na Baixada Campista, porém o local precisa atender a algumas questões técnicas apontadas em um relatório feito durante visita técnica feita pela superintendente de Assuntos Corporativos do Diários Associados, Vânia Caldas, e o funcionário do arquivo do Diários Associados do Rio, Pedro Moreira, no dia 25 de março. O Diários Associados ao receber o acervo teve que assinar um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) onde se comprometeu em cuidar e comunicar ao Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) em caso de venda ou doação.
“Já que tinham a guarda do acervo, eles vieram verificar as condições do local onde o iria ficar. No relatório Vânia apontava que, apesar da importância histórica do prédio [Arquivo Público], naquele momento, o ambiente onde ia ficar o acervo não estava climatizado adequadamente, que havia problema com umidade, equipamento de combate a incêndio e parte hidráulica”, explicou Wilson Heindenfelder acrescentando que diante a impossibilidade do acervo ser encaminhado para o Arquivo Público, foi apresentada à equipe do Diários Associados as dependências da Câmara Municipal e acertado que o material ficaria ali temporariamente.
Wilson revelou ainda que trazer o acervo para Campos foi uma corrida contra o tempo. “O acervo estava pronto para ser doado à Biblioteca Nacional, e estava pronto para ir pra lá, mas a nossa sorte é que a biblioteca demorou para dar um parecer e, então o acervo foi retirado da listagem do Diários Associados e nos foi doado por Maurício Dinepi. Aqui não é o local ideal para ele. O ideal é ir para o Arquivo Público, que é onde está toda história do município, mas para não perdermos, o colocamos aqui”, ressaltou Wilson.
O tempo em que o acervo do Monitor Campista permanecer na Câmara Municipal, ele vai passar por um trabalho de higienização, recuperação, microfilmagem e digitalização.
“São 180 anos de história, cujo primeiro registro é datado de 1834. Aqui temos registros de fatos como Estado Novo de Getulio Vargas e tantos outros importantes para nossa história. É muito importante poder dar esse presente para a população”, disse Edson Batista, acrescentando ainda: “Já estamos entrando em contato com a Biblioteca Nacional, pois ficaram de fazer um trabalho de higienização, recuperação, digitalização e microfilmagem do arquivo e vamos fazer isso aos poucos, pois o custo é muito alto e sozinha a Câmara não tem como arcar, mas vamos buscar parcerias que possibilitem o trabalho”, completou o presidente da Câmara.
Quando questionado sobre a importância do retorno do acervo do Monitor para Campos, Wellington Cordeiro disse que: “Tirando a questão emocional que quando soube que o caminhão tinha chegado e corri pra cá, pois queria ter certeza isso realmente tava acontecendo, o que era o grande sonho da gente, principalmente quem trabalhou lá, por outro lado dá uma satisfação de estar reparando um grande erro. Desde quando foi fechado em 2009, imediatamente lançamos a campanha Viva Monitor, fizemos duas manifestações na cidade, mas infelizmente não tivemos a força suficiente para reparar essa perda para cidade e agora com a adesão da Câmara nessa luta, juntos conseguimos trazer o acervo e não só isso, mas garantir que ele seja cuidado da maneira correta, principalmente com a promessa da Câmara de fazer um trabalho de digitalização de todos os jornais. Isso é muito importante para que o acesso chegue a todos arquivos, pois o jornal não dá já que são páginas de quase duzentos anos, são muito frágeis. A digitalização vai permitir um acesso ilimitado, talvez até mais tarde no próprio site da Câmara”, finalizou.
A última edição do jornal Monitor Campista, que desde sua criação teve outros quatro nomes "O Campista", "Recopilador Campista", "Novo Recopilador Campista" e "O Monitor Campista", motivo este que leva muito especialistas a contestar seus 175 anos de existência, foi em 15 de novembro de 2009. A redação do Monitor Campista foi a primeira a ser beneficiada com a luz elétrica, em 24 de junho de 1883, antes das empresas do Brasil e da América do Sul.

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