Batista garantiu a vitória do governo Rosinha & Garotinho pelo placar apertado de 13 a 10, mas foi o grande derrotado do dia |
Nada será como antes. A sensação é de quem assistiu à sessão da Câmara Municipal que Campos, que chegou ao fim agora há pouco, depois
de quatro horas e meia em que se viu de tudo. A começar pela votação de um
pedido de licença de um vereador em pleno gozo de licença concedida, pelo mesmo
Plenário, em 20 de abril deste ano e com vigência até o próximo 20 de julho.
A licença dentro da licença foi apenas o início de um script
típico de uma república de bananas comandada por um chefete, cuja competência parece
não superar a condição de serviçal obediente, um verdadeiro “soldadinho de
chumbo”. O motivo era matematicamente evidente por causa da rebelião de parte
da base aliada que, alijada das benesses escassas por força da crise
inconteste, costeou tanto o alambrado que não teve volta — por enquanto — a não
ser aderir à oposição. Dos 25 vereadores, cinco são da oposição, outros cinco
se declararam independentes e, com um de licença médica (Paulo Hirano, em tratamento nos Estados Unidos), e o
presidente regimentalmente sem voto, a bancada do governo — antes o poderoso “rolo
compressor”— minguou de tão forma que foi preciso abrir mão dos escrúpulos
ainda remanescentes para garantir os 13 votos mínimos necessários para aprovar
o projeto do empréstimo.
Para tanto, a prefeita exonerou, em edição especial do
Diário Oficial no meio da tarde, o secretário de Gestão de Pessoas e Contratos,
Fábio Ribeiro, vereador licenciado — vejam só — ainda a tempo de reassumir sua
cadeira na Câmara sem tirar o suplente, vereador Kellinho, e garantindo assim os 13 votos necessários para votar
e aprovar a autorização do empréstimo. Urdiu-se uma manobra fantástica, pela
qual o vereador licenciado, Paulo Hirano, mandou uma carta (dos Estados
Unidos), pedindo uma licença dentro da licença anterior, desta vez para tratar
de “assuntos particulares”. Ora, o vereador está desde 02 dezembro de 2014 (reveja aqui) sem ir à Câmara,
depois de, como ele mesmo postou em seu perfil no Facebook, sofrer um acidente
doméstico. Mantiveram a vaga por conta de uma licença só oficializada quatro
meses depois que o vereador deixou de exercer suas funções para, de repente,
sacar essa estratégia para garantir a maioria que fugia pelos dedos. O que fizeram equivale a um técnico de
futebol que, por cochilo do juiz, coloca 12 jogadores de seu time em campo conta os 11 do adversário.
Mas tem tudo está perdido. O placar de 13 a 10 mostra que a
situação mudou e mais importante que isso, os vereadores romperam o tácito
acordo de cordialidade com o presidente da Casa, vereador Edson Batista, e
passaram a tratá-lo pelo que ele é: um despachante do Governo Rosinha & Garotinho sentado na cadeira
de presidente do Poder Legislativo e, partir de agora todas as suas atitudes
não condizentes com o regimento e com o que se espera do um dirigente de um
poder constitucionalmente independente será combatido à altura do agravo.
Vários vereadores o chamaram de “ditador” e até de “Fidel Castro” e a temperatura
deve aumentar nas próximas sessões, porque, viu-se uma oposição mais ativa, conhecendo o regimento e, principalmente,
sepultando o maldito compadrio pelo qual os maus corrompem os bons pela omissão.
Quanto ao empréstimo em si, nada resta a dizer a não ser
lamentar que, mais uma vez, vão roubar as gerações futuras para garantir a vida
boa de uma minoria.
Mas isso é assunto para depois.
(Ricardo André Vasconcelos)
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