terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Viva João Ubaldo!

Foi do escritor baiano João Ubaldo Ribeiro, a melhor definição quanto ao efeito prático das mudanças ortográficas na Língua Portuguesa, entre elas, a extinção do trema, mudanças no uso do hífen e até o fim dos acentos em algumas palavras. O objetivo é mais um passo no caminho da unificação ortográfica nos países de Língua Portuguesa e as mudanças entram em vigor na quinta-feira.
Em entrevista, agora há pouco no Jornal Nacional, o autor de "Viva o povo brasileiro" e "O sorriso do lagarto", usou uma expressão típica dos moradores da sua querida Itaparica para mostrar o desdém com as mudanças:
_ Não infloi e nem contriboi.

3 comentários:

Ƭ. disse...

Meu amigo Ricardo... ainda nem aprendemos direito nosso "português" e temos de conviver com este novo!!
Feliz Ano Novo!!!!
Gde, imenso, apertado abraço!!!

Anônimo disse...

REvoltante essa mudança. Pra que isso? Depois que vc incorpora seu conhecimento há quem faça vc desaprender no óbvio.

Anônimo disse...

Carta de despedida...

Como outros já fizeram, quero também me despedir do trema, cuja morte foi anunciada por decreto a partir de 1º de janeiro.

Não uma, mas cinqüenta e cinco vezes quero me despedir desta acentuação antiqüíssima e usada com tanta freqüência. Fomos argüídos a respeito?

Claro que não! A ambigüidade que tínhamos para decidir se queríamos usar o trema ou não numa frase nos foi seqüestrada para sempre. Afinal, a ubiqüidade do trema nunca nos foi exigida.
Quem deve se beneficiar com esta tão inconseqüente medida? Creio que tão somente os alcagüetes, os delinqüentes e os sangüinários, justamente aqueles que não estão eqüidistantes, como nós, dos valores eqüiláteros da Sociedade.
Vocês já se argüiram sobre as conseqüências do fim do trema para os pingüins, os sagüis e os eqüestres? Estes perderão uma identidade conquistada desde a antigüidade.

E o que dizer do nosso herói Anhangüera, que vivia tranqüilo com o seu nome indígena? Com a liqüidação do trema, a pronúncia do seu nome não será mais exeqüível.
Os nossos papos de chopp nunca mais serão os mesmos, pois a tão freqüente lingüicinha acebolada vai desagüar num sangüíneo esquecimento.

O que vai acontecer com o grão de bico com gergilim, agora sem o liqüidificador para prepará-lo?

Ah, meu Deus! Tenha piedade de nós! Nunca mais poderemos escrever que "a última enxagüada é a que fica"!
Não sei se vou agüentar a perda da eloqüência, em termos de estilo literário, que o trema trazia à Última Flor do Lácio.

É preciso que averigüemos se haverá seqüelas futuras! E para onde vai a grandiloqüência dos lingüistas?

Haja ungüento para suportar tamanha dor!

O que podemos esperar em seqüência? Será que não se poderia esperar mais um qüinqüênio para que fossem melhor avaliados os líqüidos benefícios desta mudança?
Portanto, pela qüinqüagésima vez, a minha voz exangüe se une à dos bilíngües e trilíngües como eu, cuja consangüinidade lingüística e contigüidade sintática se revolta ante tamanha iniqüidade.

Pedir que nos apazigüemos, para mim é inexeqüível, pois falta-nos tranqüilidade diante de tamanha delinqüência gramatical.
Portanto é com dor no coração que lhe dou este meu adeus desmilingüido.
Adeus, meu trema querido! Mas pelo menos uma coisa me apazigüa, pois quando a saudade bater, sei que vou poder revê-lo quando estiver lendo alguma coisa em alemão.



Desconheço a autoria.