quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

QUATRO ANOS SEM LALÁ

        Há quatro anos, num sábado nublado de 2009, Laís Vieira Peixoto ficou "encantada", no dizer de Guimarães Rosa. Antes tinha encantado, de outra forma, todos que com ela conviveram. Eu fui um desses felizardos que, por quase 30 anos frequentou o número 146 da Rua Miguel Herédia, na Lapa, onde era recebido pela figura doce e meiga de Lalá, suas irmãs e sobrinhos que vi crescer e que quase todos me chamam de "tio".
Lalá é daquelas pessoas inesquecíveis e que quanto mais tempo estão longe mais a gente fica com saudade dela e só a esperança de um dia reencontrá-la ameniza a falta que ela faz no meu dia-a-dia. Foi, sem dúvidas, a melhor alma que já conheci.
Era o raro o final de semana em que não nos reuníamos na casa dela em torno de uma feijoada, caranguejada, motocozada, rababa com agrião, moqueca de bagre, costela com aipim... Mas era ela, com suas histórias, seus livros, discos de vinil, a principal atração da casa. Muito devo à Lalá e à atmosfera mágica daquela casa, muito da formação do meu caráter e até de minha personalidade.
Ainda hoje não passo pelo 146 da Miguel Herédia sem sentir um aperto no peito, um nó na garganta...
Nos falávamos quase todos os dias. Quando me telefonava sempre abria a conversa com "aqui é a sua doce e meiga Lalá" e, invariavelmente de despedia com o seu "te amo muito". 
Também te amo Lalá. Muito, sempre e cada vez mais.

Um comentário:

Gervásio Cordeiro NETO disse...

Não chego a te chamar de tio, Ricardinho, mas lendo esta postagem, viajo no tempo e em tantas tardes, noites e madrugadas memoráveis com aquela turma boa que frequentou a Miguel Herédia.
Como esquecer do carinho e dos esporros de Lalá?? Do mocotó que ela fazia?? Dos porres que tomamos juntos?? Ali e com ela aprendi muitas coisas também. Como, por exemplo, valorizar os verdadeiros amigos. Como ela sempre fez com você, Jane, Mirian, Bebete e outros. As aulas de história e política que nos dava entre goles de cerveja. Dos conselhos que nem sempre ouvia. Do seu último aniversário. Aliás, até hoje não vi o vídeo que fez...
Enfim... Obrigado por me fazer viajar nesta tarde nublada.
Beijo com carinho e saudade de mais um sobrinho.