A liberdade ameaçada
Em ranking divulgado pelo Comitê de Proteção aos Jornalistas, o Brasil
ocupa o terceiro lugar nas Américas em ataques à mídia
por Carlos Leonam — publicado 17/05/2013
13:00, última modificação 26/05/2013 10:23
Estão
matando jornalistas por este mundo afora. E não só nos lugares de sempre, como
o Paquistão, que, meio óbvio, encabeça a lista, seguido da Somália, meio óbvio
também. Mas, sabe, paciente leitor, qual o terceiro colocado nas Américas na
lista divulgada pelo Comitê de Proteção aos Jornalistas (CPJ), uma entidade
independente de âmbito mundial? Ele mesmo, o nosso querido Brasil.
Em sua lista de 2012, o CPJ
informa que 70 repórteres e fotógrafos foram mortos no exercício da profissão,
43% a mais do que em 2011. Além disso, 232 jornalistas foram presos, o maior
número registrado desde que tal tipo de pesquisa começou em 1990.
Na conferência patrocinada
pela ONU, Robert Mahoney, diretor-executivo do CPJ, disse que o número de
mortos no Paquistão, na Somália e no Brasil aumentou, com os assassinos “certos
de que não serão punidos”. Houve muitas mortes também no México, na Rússia e na
Síria.
O Newseum, museu do
jornalismo e notícias sediado em Washington D.C., que tem um memorial com o
nome dos repórteres investigativos (incluídos os repórteres fotográficos)
assassinados, acrescentou, na segunda 13, na parede do painel a eles dedicado,
84 mortos de 25 países. Entre os quais sete brasileiros, cujos nomes e fotos lá
estão. São 2.746 profissionais da imprensa assassinados desde 1837.
A última palavra fica com
Robert Mahoney: “Realmente, 2012 foi um ano triste para a liberdade de
imprensa”.
Como disse? Confesso que não aguento mais ler, e ver,
certas coisas em matérias e colunas de nossa imprensa. A informação não pode
ser precisa. Por exemplo: contar o milagre e não dizer o nome do santo, a
última foi a do divórcio pedido pela mulher de um jogador carioca que atua no
futebol paulista, porque a outra não era a outra, era o outro. Ora, com isso
uma porção de jogadores passa a ser, digamos, “suspeita”. Ou se publica tal
fofoca ou não se publica. O melhor é ficar de bico calado.
Outra coisa, entre muitas que
rolam nas páginas de nossos jornais e revistas: dizer que um filme está sendo
“gravado”. Influenciados pela tevê, repórteres e redatores vão nessa. Só que um
filme não se grava, se filma. Ou seja: filme = filmar; vídeo = gravar.
Lauro Escorel, um dos
melhores diretores de fotografia do cinema brasileiro, recentemente comentou,
ao fim de um artigo: “Ao começar a escrever ponderei se seria razoável falar
ainda em filmagem, nestes tempos digitais. A verdade é que durante o trabalho
tentei usar – gravar – e até mesmo 'hagadar' (de colocar no HD, cruzes!), como
me foi sugerido de brincadeira por um amigo. Ao longo do trabalho, alternei o
uso de filmar ou gravar, testando seu efeito em mim e nos outros. À medida que
me familiarizava com a câmera e avançava, fui-me convencendo que o melhor termo
para expressar o que eu fazia era mesmo – filmar – como maneira de valorizar
todas as práticas e significados referentes ao ato de filmar”.
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