Do Blog Opiniões, de Aluysio Abreu Barbosa (aqui):
Presidente da Frente Parlamentar de Defesa da Bacia do Rio Paraíba do
Sul, a deputada Inês Pandeló (PT) convocou a Assembleia Legislativa do
Rio de Janeiro (Alerj), nesta quinta-feira (20/03), para um ato público
contra o projeto do governo paulista de transposição das águas do
principal rio fluminense. O protesto será na próxima terça-feira
(25/03), às 13h, na escadaria do Palácio Tiradentes.
Pela proposta defendida pelo governador de São Paulo, Geraldo
Alckmin, o Paraíba do Sul seria interligado ao sistema Cantareira, que
abastece a região metropolitana daquele estado. Segundo Inês Pandeló, o
estudo encomendado pelo Governo paulista distorce a realidade ao
considerar dados desde 1951 — e não apenas informações do atual cenário
de estiagens que atinge o Rio de Janeiro. “Eu venho falando disso há
muito tempo. Parecia alarmismo e não era. O Comitê da Bacia do Paraíba
do Sul, que reúne órgãos governamentais e ONGs, tem um estudo recente
que alerta para o risco que corremos no cenário atual. O estudo paulista
puxa uma série histórica desde 1951, de tempos de cheias, diminuindo o
risco de desabastecimento aqui. O perigo existe e é real”, disse a
deputada.
Além disso, a Frente promoverá uma audiência pública no próximo dia
31 para tratar do assunto. A petista, no entanto, não foi a única a
protestar contra o projeto do governo do estado vizinho. Roberto
Henriques (PSD) classificou a proposta como descabida: “Quando percebemos
que São Paulo pretendia rasgar o pacto federativo, a deputada Inês
Pandeló propôs a Frente para que não se permita qualquer prejuízo ao Rio
de Janeiro por causa dessa medida insana”.
Henriques criticou, ainda, o pedido feito pelo Palácio dos
Bandeirantes à presidente Dilma Rousseff, para que autorize a
transposição do rio — que corta também São Paulo e Minas Gerais. “Numa
medida descabida, o governo de São Paulo mostra desfaçatez de pedir
apoio a esse projeto à Presidência da República. Isso é uma afronta à
soberania da população do Rio de Janeiro. Sem qualquer cerimônia, querem
barrar o Rio Paraíba do Sul”, disse o deputado.
Já Nelson Gonçalves (PMDB) lembrou dos prejuízos que a medida
provocaria à economia das regiões Sul e Norte Fluminense: “Prefeitos já
falam em ir à Justiça porque esse projeto prejudicaria a captação de
investimentos e a agricultura, por conta da irrigação. O dia 31 de março
é o dia de defesa do Paraíba do Sul e vamos chamar a população e os
deputados para evitar isso”. Comte Bittencourt (PPS), por sua vez, pediu
calma no debate. “Não é possível tratar dessa polêmica como uma briga
de torcidas. Se a Agência Nacional de Águas entender que essa é a saída
para se minimizar os problemas de São Paulo, dou meu apoio como
brasileiro e deputado deste estado. Precisamos manter os princípios
federativos e da compreensão, porque somos todos brasileiros e o
espírito fluminense é o da solidariedade. Se São Paulo precisar, vamos
ajudá-los. Se um dia o Rio precisar, eles terão que nos ajudar. Mas não
pode haver uma luta bairrista”, disse o deputado.
Da assessoria da Alerj.
Nenhum comentário:
Postar um comentário