quarta-feira, 27 de agosto de 2014

DITADURA ARGENTINA É TEMA DE FILME HOJE NO CINECLUBE GOITACÁ

Natália Moraes
Foto: Rodrigo Silveira
O Cineclube Goitacá retorna suas atividades nesta quarta-feira (27) e vai exibir o filme “Garage Olimpo” (Idem, 1999), do diretor Marco Bechis. O filme retrata o angustiante cotidiano de uma célula de tortura a serviço da repressão. Mostra toda a rotina nos campos de concentração na Argentina durante a última ditadura militar. E tão argentino quanto o filme é seu diretor. Argentino também é o apresentador da sessão: o advogado e publicitário Gustavo Alejandro Oviedo, que mora em Campos desde 2011. Como de costume, a sessão será iniciada, às 19h30, no auditório do Oráculo Produções, na sala 507 do edifício do Medical Center. A entrada é gratuita.
Desta vez, o tema escolhido para o ciclo de exibições do Cineclube Goitacá é uma ferida ainda aberta na maior parte dos países que passaram por ele, inclusive o Brasil: “Golpe!” O tema foi escolhido para não deixar passar em branco os 50 anos do golpe de 1964, que lançou o país em uma ditadura militar até 1985. O regime militar foi instaurado no dia primeiro (1º) de abril de 1964 e durou pouco mais de 21 anos. De caráter autoritário e nacionalista, teve início com o golpe que derrubou o governo de João Goulart, o então presidente democraticamente eleito, e terminou quando José Sarney assumiu a presidência, dando início ao período conhecido como Nova República.
Gustavo Oviedo, que apresentará o filme, é um amante do cinema. Chegou a estudar cinema na Argentina e, hoje, organizar alguns ciclos de cinema na cidade e trabalha com publicidade. Perguntado sobre o que veio fazer em Campos, respondeu sorridente: “casei com uma campista, não teve para onde fugir”.
— Vim morar em Campos em 2011. Morava na Argentina, mas o país estava em crise. Minha esposa e eu, então, resolvemos morar em Campos, pois as condições de vida são melhores. Infelizmente, a Argentina vive em crise, tanto financeira quanto de governo — destaca Gustavo, que conheceu sua esposa em Búzios.
O argentino destaca, ainda, que entre os ciclos de cinema que organizou, participou da organização de alguns ciclos na Casa de Cultura Villa Maria e no Sesc Campos. Ele se diz ansioso para a apresentação de hoje à noite. É a primeira vez que ele apresenta um filme no Cineclube Goitacá.
— Quem escolhei o filme “Garage Olimpo” fui eu. Escolhi porque ele mostra uma realidade da ditadura de uma forma bem original. O filme mostra a realidade nos campos de concentração na Argentina durante a última ditadura militar. Nesse contexto, o filme se encaixa dentro da proposta do ciclo “Golpe!”, no Cineclube. Espero que o público possa refletir sobre o tema do filme e que seja aberta uma boa conversa após a exibição do filme — finaliza Gustavo.
Sobre o filme
O drama “Garage Olimpo” é de 1999 e foi dirigido por Marco Bechis. O filme é baseado em acontecimentos políticos reais que ocorreram na Argentina depois que o presidente Jorge Rafael Videla, parte de uma junta militar, assumiu o poder em 24 de março de 1976. Durante o governo da junta, o parlamento foi suspenso, sindicatos, partidos políticos e governos provinciais foram proibidos e, no que ficou conhecido como a Guerra Suja, entre nove e 30 mil pessoas consideradas subversivas desapareceram.
Como o país comemorou seu triunfo da Copa do Mundo, muitos ativistas políticos foram torturados em Buenos Aires e, posteriormente, levados em “vôos da morte”. As vítimas eram drogadas e, em seguida, jogadas vivas no Oceano Atlântico a partir de aeronaves militares.
Da Folha on line (aqui)
Da27/08/2014 11:00

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