Menos pela atuação da oposição e bem mais pelo contorcionismo verbal do secretário Garotinho, o placar do debate que acabou agora há pouco na Câmara, pode ser comparado ao 7 x 1 de Alemanha e Brasil na Copa de 2014.
O encontro, que começou com a esperança de ser histórico, terminou numa espécie de programa de auditório, onde o convidado animou a platéia com um show de meias-verdades, eufemismos, ironias e provocações. Não foi surpresa. Garotinho tem a capacidade de reescrever a própria biografia e a dos outros ao sabor de sua bipolaridade. Ofende “sem querer querendo”, para depois, com uma compungida dignidade, jurar que respeita a todos. Foi assim ao trazer ao debate o nome do ex-prefeito Zezé Barbosa para atacar o neto, vereador Rafael Diniz. Ou então criticar o PT para atingir ao vereador Marcão para, logo em seguida, fazer reverências à Dilma e Lula. Com o vereador Fred Machado, chegou a ser cruel: lembrou da prisão da irmã dele, a ex-aliada e ex-prefeita de São João da Barra, Carla Machado, apesar do pretexto diverso.
Dos cinco vereadores da oposição, Nildo Cardoso não participou por motivo de doença, e José Carlos, neófito na bancada minoritária, chegou a ser repreendido pelo convidado por se referir à platéia como de pessoas querendo emprego. Mais: indiscreto, se fez portador de um “abraço saudoso” da prefeita que estaria esperando o vereador de volta à bancada do governo, como o mesmo teria prometido o constrangido José Carlos, já desconfortável em seu terno apertado.
Explicações mesmo, nenhuma. Sobre a gastança de shows, disse que patrocinadores custearam 70% dos cachês, mas nenhum contrato ainda foi publicado. Obra cara e inacabável como a “Cidade da Criança”, foi justificada como “tombada pelo patrimônio histórico”. Negou até que a PMCG tenha recebido cerca de R$ 30 milhões de IPVA em 2014, como este Blog mostrou aqui, os repasses mês a mês. Pelo menos reconheceu que os semáforos comprados e pagos com o imposto do contribuinte são inadequados para a cidade.
A nota mais triste ficou para o presidente da Câmara, Edson Batista, que parecia desconhecer que ali estava um servidor público nomeado para representar o governo que, por dever constitucional , deveria prestar contas e não se portar como um bedel a distribuir admoestações a aliados e adversários. Batista não parecia presidente de um poder independente, mas chefe de um puxadinho do Cesec. O combinado era três minutos para a cada vereador perguntar, cinco minutos para resposta e outros três minutos para cada parte replicar e treplicar. Mas o tempo do convidado não foi cronometrado, só o dos vereadores.
Da bancada governista não se poderia esperar nada diferente da tietagem explícita e que dispensa comentários. E o secretário, que teria recusado um assento na esplanada do ministério Dilma para ajudar o governo de sua família a enfrentar a crise, gostou tanto do auditório que se convidou a voltar, uma vez por mês, para outras palestras. Uma espécie de escolinha do professor Garotinho?
De bom, ficou o que poderia ter sido e não foi. Mas pode vir a ser.
Nenhum comentário:
Postar um comentário