Da Folha da Manhã deste domingo, 09/02/14 - versão on line (aqui):
Show do milhão no governo rosa
Quanto a Prefeitura de Campos gastou este ano com shows musicais?
Para a oposição, que aponta uma espécie de “Show do Milhão”, muitos
mistérios precisam ser desvendados. Porém, mesmo sem revelar a soma, os
aliados da prefeita Rosinha (PR) garantem que “não existe gastança” e
que tudo “foi feito com transparência e cumprindo as exigências do
Tribunal de Contas do Estado”.
Durante os governos dos ex-prefeitos Arnaldo Vianna e Alexandre Mocaiber, uma das principais críticas da oposição, naquela época comandada por Anthony Matheus, era o valor destinado aos shows musicais e a falta de uma política cultural. Hoje, durante o governo Rosinha, quem jogava pedra virou vidraça. “O grupo que prometeu mudança parece estar repetindo práticas antigas. Em busca de transparência, protocolei na Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima um requerimento cobrando informações sobre os valores dos shows, palcos, iluminação, alimentação, som e banheiros químicos. O dinheiro é público e a população merece saber exatamente o valor do verão. Como sempre digo, transparência não é favor, é obrigação”, diz o vereador Rafael Diniz (PPS).
Em seu blog “Eu Penso que...”, o jornalista Ricardo André Vasconcelos publicou uma extensa lista com todos os artistas que se apresentaram somente no mês de janeiro. Ao todo, os gastos somente com cachês ultrapassaram a marca de R$ 1 milhão. “Neste valor não estão incluídos aluguel de palcos, camarins, trios elétricos, serviços de buffet, transporte dos artistas, sonorização, filmagem e telões para os eventos”, frisou o jornalista Ricardo André.
O show mais caro até o momento foi o da banda Jammil e uma Noites (R$ 193 mil), que se apresentou na virada do ano. Um ano anos, em janeiro de2013, amesma banda se apresentou em Campos por um valor bem menor: R$ 80 mil. Porém, de acordo com a presidente da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima (FCJOL), Patrícia Cordeiro, o aumento tem explicação. “Em todo o país, em datas especiais, como Carnaval e Réveillon, os cachês dos artistas são cobradosem dobro. Emalguns casos, de acordo com o formato do show, esses cachês podem custar até três vezes mais”, disse Patrícia, que foi além. “Em Campos, hoje, todo o processo de contratação de artistas e shows é feito com transparência. Nós cumprimos todas as exigências do Tribunal de Contas do Estado, entre elas, que as empresas comprovem o valor de mercado dos artistas”, frisou.
Em recente pronunciamento na Câmara, o vereador Marcão (PT) criticou os altos gastos com festas. “Eu só faço festa na minha casa quando a Saúde e a Educação estão muito bem. Como podemos gastar milhões com festas tendo uma Saúde precária e uma Educação em último lugar no Ideb? Além disso, o setor de odontologia se encontra entregue as baratas”, questionou Marcão.
Cultura da “gastança” no governo Rosinha
Em entrevista concedida ao jornalista Aluysio Abreu Barbosa, publicada pela Folha da Manhã em setembro do ano passado, o jornalista Ricardo André Vasconcelos disparou: “Em Campos não existe uma política cultural. Existe só a política eleitoral. Tudo é feito de olho no eleitor. O foco é o voto e como fazer para conquistá-lo. Parece que Campos não tem cidadão, só eleitor”, afirmou.
Ricardo ainda foi além ao dizer que as ações culturais são mínimas. “Aqui e ali tem uma iniciativa ou outra, mas o forte, como já disse, são os eventos grandes e caros com utilização de grandes estruturas alugadas e para juntar gente. O governo Rosinha não desce do palco nunca. Cadê o programa de incentivo à leitura? Com o dinheiro de um show de Jorge e Matheus e outro de Maria Bethânia você compraria um caminhão para fazer uma biblioteca itinerante. Dois shows de Michel Teló garantiriam a sobrevivência, por mais de um ano, das centenárias bandas que estão à míngua. E a política de publicação de livros de autores campistas? Formação de plateias para teatro? Nada! Cinema itinerante? Nada! Então não temos política cultural. Cultura no governo Rosinha, só a da gastança”, completou.
Patrícia destaca o cuidado com valores
A presidente da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima, Patrícia Cordeiro, abriu o coração durante participação em um programa de rádio na última semana. Ela comentou sobre as críticas que tem recebido e garantiu que não existem shows com preços fora do normal no município de Campos. “Tenho muito cuidado com os preços dos shows e a minha equipe também. Avaliamos diversas questões antes de fechar os eventos. E tudo isso é feito de forma transparente e dentro do que determina a Lei”, disse Patrícia.
Fundo de Cultura — Sobre o valor destinado ao Fundo de Cultura (R$ 176 mil) no Orçamento deste ano,
inferior ao show de uma única banda (Jammil R$ 193 mil), Patrícia Cordeiro comentou: “É bom deixar claro que este valor não está engessado. Existem também ações no sentido de buscar recursos federais para estimular a cultura em nossa cidade”, garantiu. Ela voltou a dizer que o show da banda Jammil e uma Noites teve um valor mais elevado por ter ocorrido na virada do ano. Ela informou que o empresário da banda vai se manifestar.
Município respira cultura, diz prefeita
Criticada em 2013 por conta dos gastos com shows e palcos, a prefeita Rosinha tem dito que a cidade vive um excelente momento. “Campos é uma cidade que respira cultura nos últimos anos”, afirmou Rosinha, exaltando a “Semana do Folclore” e a valorização dos bois pintadinhos. Rosinha citou, ainda, que outras ações na área cultural estão sendo desenvolvidas, como criação do Corpo de Baile, Coro e Orquestra Municipais, restauração do Solar Visconde de Araruama que, hoje, abriga o Museu Histórico de Campos. A prefeita também ressaltou a construção do fosso no Teatro Trianon e, ainda, valorização das Bandas de Garagem, através de concurso realizado pela Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima (FCJOL). “Também estamos recebendo vários cantores, que têm vindo se apresentar com a orquestra no Trianon. Enfim, estamos trabalhando a cultura como um todo”.
Na Câmara, a vereadora Linda Mara (Pros), fiel escudeira da prefeita, também tem dito que o governo não realiza apenas shows. Ela também afirmou que um dos avanços de 2013 é a busca por recursos federais que serão investidos em cultura.
“Rolo compressor” atropelou audiência
Em setembro do ano passado, o vereador Rafael Diniz apresentou requerimento solicitando uma audiência pública para debater a cultura. Na ocasião, o parlamentar sugeriu que a Câmara de Campos recebesse não só os gestores da área cultural, mas também diversos artistas e formadores de opinião. O Legislativo, que já havia realizado audiências públicas sobre os mais variados temas, negou a audiência pública. O chamado “rolo compressor” governista votou contra, alegando que a oposição estava querendo politizar o debate. Após protestos dos vereadores oposicionistas, o presidente da Câmara, Edson Batista (PTB), afirmou: “Quem tem maioria dita as pautas. A configuração política deste plenário foi definida pelo povo”, frisou.
Antes, em maio de 2013, os vereadores Rafael Diniz e Fred Machado (Solidariedade) apresentaram requerimento solicitando informações sobre o Carnaval fora de época realizado pela Prefeitura de Campos e que contou com a presença de escolas de samba do Rio de Janeiro. Porém, o pedido também foi atropelado pelo “rolo compressor”.
Alexandre BastosFotos: Folha da Manhã
Durante os governos dos ex-prefeitos Arnaldo Vianna e Alexandre Mocaiber, uma das principais críticas da oposição, naquela época comandada por Anthony Matheus, era o valor destinado aos shows musicais e a falta de uma política cultural. Hoje, durante o governo Rosinha, quem jogava pedra virou vidraça. “O grupo que prometeu mudança parece estar repetindo práticas antigas. Em busca de transparência, protocolei na Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima um requerimento cobrando informações sobre os valores dos shows, palcos, iluminação, alimentação, som e banheiros químicos. O dinheiro é público e a população merece saber exatamente o valor do verão. Como sempre digo, transparência não é favor, é obrigação”, diz o vereador Rafael Diniz (PPS).
Em seu blog “Eu Penso que...”, o jornalista Ricardo André Vasconcelos publicou uma extensa lista com todos os artistas que se apresentaram somente no mês de janeiro. Ao todo, os gastos somente com cachês ultrapassaram a marca de R$ 1 milhão. “Neste valor não estão incluídos aluguel de palcos, camarins, trios elétricos, serviços de buffet, transporte dos artistas, sonorização, filmagem e telões para os eventos”, frisou o jornalista Ricardo André.
O show mais caro até o momento foi o da banda Jammil e uma Noites (R$ 193 mil), que se apresentou na virada do ano. Um ano anos, em janeiro de2013, amesma banda se apresentou em Campos por um valor bem menor: R$ 80 mil. Porém, de acordo com a presidente da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima (FCJOL), Patrícia Cordeiro, o aumento tem explicação. “Em todo o país, em datas especiais, como Carnaval e Réveillon, os cachês dos artistas são cobradosem dobro. Emalguns casos, de acordo com o formato do show, esses cachês podem custar até três vezes mais”, disse Patrícia, que foi além. “Em Campos, hoje, todo o processo de contratação de artistas e shows é feito com transparência. Nós cumprimos todas as exigências do Tribunal de Contas do Estado, entre elas, que as empresas comprovem o valor de mercado dos artistas”, frisou.
Em recente pronunciamento na Câmara, o vereador Marcão (PT) criticou os altos gastos com festas. “Eu só faço festa na minha casa quando a Saúde e a Educação estão muito bem. Como podemos gastar milhões com festas tendo uma Saúde precária e uma Educação em último lugar no Ideb? Além disso, o setor de odontologia se encontra entregue as baratas”, questionou Marcão.
Cultura da “gastança” no governo Rosinha
Em entrevista concedida ao jornalista Aluysio Abreu Barbosa, publicada pela Folha da Manhã em setembro do ano passado, o jornalista Ricardo André Vasconcelos disparou: “Em Campos não existe uma política cultural. Existe só a política eleitoral. Tudo é feito de olho no eleitor. O foco é o voto e como fazer para conquistá-lo. Parece que Campos não tem cidadão, só eleitor”, afirmou.
Ricardo ainda foi além ao dizer que as ações culturais são mínimas. “Aqui e ali tem uma iniciativa ou outra, mas o forte, como já disse, são os eventos grandes e caros com utilização de grandes estruturas alugadas e para juntar gente. O governo Rosinha não desce do palco nunca. Cadê o programa de incentivo à leitura? Com o dinheiro de um show de Jorge e Matheus e outro de Maria Bethânia você compraria um caminhão para fazer uma biblioteca itinerante. Dois shows de Michel Teló garantiriam a sobrevivência, por mais de um ano, das centenárias bandas que estão à míngua. E a política de publicação de livros de autores campistas? Formação de plateias para teatro? Nada! Cinema itinerante? Nada! Então não temos política cultural. Cultura no governo Rosinha, só a da gastança”, completou.
Patrícia destaca o cuidado com valores
A presidente da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima, Patrícia Cordeiro, abriu o coração durante participação em um programa de rádio na última semana. Ela comentou sobre as críticas que tem recebido e garantiu que não existem shows com preços fora do normal no município de Campos. “Tenho muito cuidado com os preços dos shows e a minha equipe também. Avaliamos diversas questões antes de fechar os eventos. E tudo isso é feito de forma transparente e dentro do que determina a Lei”, disse Patrícia.
Fundo de Cultura — Sobre o valor destinado ao Fundo de Cultura (R$ 176 mil) no Orçamento deste ano,
inferior ao show de uma única banda (Jammil R$ 193 mil), Patrícia Cordeiro comentou: “É bom deixar claro que este valor não está engessado. Existem também ações no sentido de buscar recursos federais para estimular a cultura em nossa cidade”, garantiu. Ela voltou a dizer que o show da banda Jammil e uma Noites teve um valor mais elevado por ter ocorrido na virada do ano. Ela informou que o empresário da banda vai se manifestar.
Município respira cultura, diz prefeita
Criticada em 2013 por conta dos gastos com shows e palcos, a prefeita Rosinha tem dito que a cidade vive um excelente momento. “Campos é uma cidade que respira cultura nos últimos anos”, afirmou Rosinha, exaltando a “Semana do Folclore” e a valorização dos bois pintadinhos. Rosinha citou, ainda, que outras ações na área cultural estão sendo desenvolvidas, como criação do Corpo de Baile, Coro e Orquestra Municipais, restauração do Solar Visconde de Araruama que, hoje, abriga o Museu Histórico de Campos. A prefeita também ressaltou a construção do fosso no Teatro Trianon e, ainda, valorização das Bandas de Garagem, através de concurso realizado pela Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima (FCJOL). “Também estamos recebendo vários cantores, que têm vindo se apresentar com a orquestra no Trianon. Enfim, estamos trabalhando a cultura como um todo”.
Na Câmara, a vereadora Linda Mara (Pros), fiel escudeira da prefeita, também tem dito que o governo não realiza apenas shows. Ela também afirmou que um dos avanços de 2013 é a busca por recursos federais que serão investidos em cultura.
“Rolo compressor” atropelou audiência
Em setembro do ano passado, o vereador Rafael Diniz apresentou requerimento solicitando uma audiência pública para debater a cultura. Na ocasião, o parlamentar sugeriu que a Câmara de Campos recebesse não só os gestores da área cultural, mas também diversos artistas e formadores de opinião. O Legislativo, que já havia realizado audiências públicas sobre os mais variados temas, negou a audiência pública. O chamado “rolo compressor” governista votou contra, alegando que a oposição estava querendo politizar o debate. Após protestos dos vereadores oposicionistas, o presidente da Câmara, Edson Batista (PTB), afirmou: “Quem tem maioria dita as pautas. A configuração política deste plenário foi definida pelo povo”, frisou.
Antes, em maio de 2013, os vereadores Rafael Diniz e Fred Machado (Solidariedade) apresentaram requerimento solicitando informações sobre o Carnaval fora de época realizado pela Prefeitura de Campos e que contou com a presença de escolas de samba do Rio de Janeiro. Porém, o pedido também foi atropelado pelo “rolo compressor”.
Alexandre BastosFotos: Folha da Manhã
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