INVESTIGAÇÃO - 07/06/2013 17h22 - Atualizado em 07/06/2013 17h24
Prefeitura rompe contrato com empresa de fantasma ligado a Garotinho
Empresa, que tinha contratos milionários com a prefeitura e com Garotinho, foi criada em nome de um empresário que não existe
HUDSON CORRÊA
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A Prefeitura de Campos dos Goytacazes, no Norte fluminense, publicou no Diário Oficial desta sexta-feira (dia 7) a rescisão do milionário contrato com a GAP Comércio e Serviços Especiais, cujo dono era o empresário fantasma George Augusto Pereira. A cidade é administrada pela prefeita Rosinha Garotinho (PR), mulher do deputado e líder do PR na Câmara, Anthony Garotinho. Ainda em 2009, no primeiro ano da gestão de Rosinha, a GAP foi contratada para alugar ambulâncias ao município. A empresa recebeu R$ 32 milhões entre 2009 e 2011 e, até hoje pela manhã, ainda mantinha em vigor um outro contrato de R$ 15 milhões. O Ministério Público do Rio apontava fraude na licitação que resultou na contratação desde agosto de 2011. A prefeitura, porém, só rompeu o contrato com a GAP após ÉPOCA revelar, três semanas atrás, que George pertence ao mundo da ficção.
Na decisão publicada, a prefeitura afirma que levou em consideração “as diversas notícias de supostas fraudes e irregularidades que vêm sendo veiculadas na imprensa nacional, relacionadas à composição societária da empresa”. Segundo a prefeitura, a rescisão foi recomendada pelo Ministério Público do Rio "em virtude das possíveis consequências geradas pelas notícias ventiladas". O município alega ainda que a empresa atrasou o pagamento de IPVA das ambulâncias e o FGTS dos funcionários.
Além de prestar serviço à prefeitura administrada por Rosinha, a GAP foi contratada em 2011 pelo gabinete de Garotinho para locar um carro que transportava o deputado em Brasília. A despesa foi paga com dinheiro da Câmara, que banca a atividade parlamentar. Na mesma época, a empresa chegou a emprestar um carro para Wladimir Matheus, filho de Garotinho.
A primeira reportagem sobre fraude na contratação da GAP pela Prefeitura de Campos foi publicada por ÉPOCA no fim de abril. Dois dias depois, Garotinho subiu à tribuna da Câmara para dizer que a empresa ganhou “licitamente a concorrência”. O deputado nega qualquer ligação com o esquema de George, mas admite conhecer o empresário Fernando Trabach Gomes, que, segundo investigação da Polícia Civil, está por trás do fantasma. O empresário argumenta que, sem ele saber, um escritório de advocacia criou George.
Da Revista Época (aqui).
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