sábado, 6 de dezembro de 2008

Os diques da discórdia

Capa de O Diário de 05/12/2008


Para a Defesa Civil, o nível do Rio Ururaí baixou quase um metro , a partir de ontem, como conseqüência da destruição de um dique clandestino erguido numa fazenda ( segundo a Folha da Manhã, "Fazenda do Loro"). A destruição do primeiro dique foi a pedido do promotor de Justiça Marcelo Lessa, que anuncia o mesmo procedimento para um segundo dique nos próximos dias.
Por outro lado, os produtores rurais da Baixada Campista alegam que a medida é inócua, mas não explicam quem construiu os diques e nem com autorização de quem.
A questão é mais complexa do que parece e remonta há décadas, desde que o poder público (municipal, estadual e federal) renunciaram do dever de fiscalizar e favoreceu aos fazendeiros inescrupulosos que expandiram suas terras avançando na Lagoa Feia.
Em favor da destruição dos diques , o promotor Lessa utiliza um argumento que justifica seu profícuo trabalho no Ministério Público: "Se eu tiver que matar um milhão de cabeças de gado para que uma única família volte para sua casa, eu farei". (folha da Manhã, 06/12/2008, página 6).
Por sua vez, os produtores rurais, que defendem a manutenção dos diques, alegando terem um parecer técnico respaldado por 33 representantes de prefeituras e entidades públicas. Em nota oficial publicada na página 3 de O Diário de hoje, a Associação Fluminense dos Plantadores de Cana (Asflucan) e o Sindicato Rural de Campos, reproduzem um documento (Deliberação 003/2008) assinado pelo secretário-executivo do Grupo de Trabalho criado para gerenciar os canais da Baixada, que termina assim. (transcrição da nota):
"Ressaltamos que todas áreas adjacentes aos diques já estão saturados e o volume de água que essa área ainda tem capacidade de receber são significativamente inferiores ao volume de água excedente na bacia da Lagoa de Cima e na área de influência do rio Ururaí. Em outras palavras, seria como transferirmos uma "caixa de mil litros para um copo de água". A medida carece de maior aprofundamento técnico e, em princípio, pode ser considerado, inócua, indevida e insustentável, ainda mais se as chuvas persistirem".
O detalhe é o documento publicado pela Asflucan/Sindicato Rural, é assinado pelo secretário-executivo no Grupo de Trabalho (GT/ETEC/canais). Ele é cotado para ser o secretário de Meio Ambiente no futuro governo Rosinha.

Para ler as matérias publicadas hoje:
O Diário (aqui) Folha da Manhã (aqui)

Obs.: a nota da Asflucan/Sindicato Rural só está disponível na versão impressa.

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