Rodoviários em greve, em protesto ontem na sede da Prefeitura de Campos - Foto Rodrigo Silveira/ Folha da Manhã |
A prefeita Rosinha Garotinho cumpriu o seu dever, mesmo com atraso de alguns dias, e resolveu garantir a circulação dos ônibus e minimizar os efeitos de uma greve iniciada há seis dias. Mais que um direito, é dever da chefe do executivo municipal zelar pelo funcionamento dos serviços dos quais a municipalidade é o poder concedente. E, para isso, contou com o auxílio precioso do promotor Marcelo Lessa Bastos, coordenador da Promotoria dos Direitos Coletivos e Difusos do Ministério Público que, não só orientou a equipe da prefeita, como foi pessoalmente às garagens para que fosse cumprido um ato municipal e uma decisão da Justiça do Trabalho, e também cedeu o auditório do MP para a coletiva à imprensa.
Por enquanto ainda não seu certo, mas não esperava-se das autoridades atitude diferente: o interesse público está acima de tudo. Segundo a prefeita informou agora há pouco em entrevista à Rádio Band-FM, 18 ônibus estão rodando.
No entanto, é desonesto não analisar que a greve/locaute deflagrada no sábado, exatamente no dia do início do Campos Folia - o nosso Carnaval fora de época - como um movimento político extremamente delicado que desaguou num imblóglio do qual, para sair, é preciso menos bravatas e mais humildade para admitir eventuais erros e encontrar saídas. Sim, locaute porque qualquer pessoa com um mínimo de bom senso sabe que as empresas de ônibus estimulam, apoiam e patrocinam a greve.
Na base da polêmica não está só a reivindicação justa dos 16% de reajuste para motoristas e cobradores, como também e principalmente, o descongelamento das tarifas que, desde a criação do programa de passagem social em 2009, é mantida em R$ 1,60. Sendo R$ 1,00 pago pelo passageiro e os R$ 0,60 subsidiados pela Prefeitura de Campos. Os empresários reclamam, também com justa razão, que os preços dos combustíveis, pneus, salários e outros insumos, subiram neste cinco anos e cinco meses e que o preco da tarifa precisa ser recomposto. A PMCG, por sua vez, alega que tem um edital de licitação na praça, marcada para o próximo dia 26 de maio, em que a tarifa sobe para R$ 2,40 para as empresas que ganharem as linhas.
A licitação para escolha das empresas de ônibus para operar as linhas. Esta sim, talvez seja a mãe de todas as soluções e toda a indignação das empresas. Há décadas sabe-se que as empresas de ônibus operam com "concessões a título precário", ou seja, provisoriamente e sabe Deus como as concessões são dadas, cassadas e renovadas...
O que os empresários reclamam é que muitas das empresas estão hoje em situação de pré-insolvência (algumas já quebraram), justamente porque se endividaram contando com os subsídios do programa da passagem social que, congelados, comprometeu-se as finanças e hoje poucas ou nenhuma empresa local têm condições de igualdade para competir na licitação com outras de fora.
Sabe a prefeita que uma das principais reclamações da população hoje é o péssimo transporte coletivo no município. São horas de filas, veículos em condições lastimáveis, horários desrespeitados...
Sobre as cabeças de todas ainda pesa a ameaça feita e repetida pela prefeita, de municipalizar os transportes coletivos.
Taí um bom debate para ser travado de forma desarmada, com os ônibus nas ruas e foco no interesse público. Só no interesse público.
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